A frase que serve de título a este comentário é uma das mais antigas, consagradas e indiscutíveis do pregão. E não é por acaso. O que define a trajetória de alta ou de baixa de uma determinada ação – ou da bolsa como um todo – é o fluxo de dinheiro que entra no mercado ou sai dele. Os fundamentos podem estar ótimos, as perspectivas podem ser muito promissoras, os papéis podem estar cotados a preços convidativos. Se não houver um movimento consistente de compra, eles não se valorizam. E o inverso também é verdadeiro. As cotações podem parecer supervalorizadas. Havendo mais compradores que vendedores, os preços continuam subindo. A pergunta da vários trilhões de reais é: aos 122 mil pontos, o Ibovespa indica um mercado caro demais?
Eduardo Guimarães, nosso especialista em ações, ensina que não podemos ter medo de nos posicionarmos. Por isso, a resposta à pergunta acima é “não”. A bolsa ainda tem espaço para subir. Haverá solavancos pelo caminho e momentos em que essa alta será interrompida por movimentos de realização de lucro. Porém, é possível cravar que a combinação entre liquidez global elevada, uma política de mais obras públicas nos Estados Unidos e a melhora das perspectivas de vacinação por aqui deve sustentar uma alta das ações brasileiras durante algum tempo.
E é possível pensar em mais alguns motivos. Investidores brasileiros, americanos, europeus, asiáticos têm uma característica comum: gostam de previsibilidade. A troca de comando nos Estados Unidos, em que o imprevisível Donald Trump será substituído pelo bem mais tedioso Joseph Biden, é bem vista pelo mercado. Espera-se que Biden tente normalizar, ou pelo menos distender, as crispadas relações comerciais entre Estados Unidos e China, com efeitos colaterais benéficos para muitos outros países, o Brasil entre eles. Ambos são os principais parceiros comerciais brasileiros, e se melhorarem sua relação um com o outro, farão mais negócios e elevação nossas exportações.
Esse movimento não se limita ao Brasil. Nesta sexta-feira (8), os principais pregões da Ásia avançaram bastante. Em Tóquio, o índice Nikkei subiu 2,36 por cento e em Seul, o índice Kospi fechou com uma alta de quase 4 por cento. Na Europa, ainda às voltas com as incertezas da segunda onda da pandemia, o índice alemão Dax indica uma valorização de 0,7 por cento no início da manhã.
Indicadores I
A primeira divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de 2021 indicou uma desaceleração da inflação. Os preços na semana encerrada em 07 de janeiro de 2021 subiram 0,79 por cento, uma variação semanal 0,28 ponto percentual inferior à registrada na última divulgação. O indicador acumula alta de 5,39 por cento nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Indicadores II
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) variou 0,76 por cento em dezembro, abaixo dos 2,64 por cento de novembro. Entre janeiro e dezembro de 2020, o índice acumulou alta de 23,08 por cento. Em dezembro de 2019, o índice havia variado 1,74 por cento e acumulava elevação de 7,70 por cento em 12 meses, informou a FGV. Segundo a Fundação, altas em commodities como minério de ferro (que subiu 107,15 por cento), soja (79,45 por cento) e milho (68,81 por cento) justificaram a alta do índice.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) variou 0,68 por cento em dezembro, ante 3,31 por cento em novembro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 1,07 por cento em dezembro, após variar 0,94 por cento em novembro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,70 por cento em dezembro, ante 1,28 por cento no mês anterior.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Índice Bovespa estão abrindo em uma leve baixa de 0,3 por cento, ao passo que os contratos futuros de S&P 500 iniciam o pregão em leve alta. Apesar da queda, a tendência para o Ibovespa no médio prazo é de continuidade da valorização.