Após mais de um ano em processo de avaliação, o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou na quarta-feira (15), por maioria de votos, a fusão das duas maiores empresas de locação de veículos e terceirização de frota do país, Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3). Para tal, o conselho prevê uma série de remédios, como venda significativa de ativos do novo grupo, como forma de mitigar os riscos à concorrência do setor.
Ao todo, as empresas concordaram em se desfazer de mais de 50 mil veículos para avançar com o processo de fusão, com o compromisso de não realizar novas aquisições envolvendo o aluguel de carros no varejo por três anos, a contar da data da decisão do Cade, além de notificar qualquer operação pelo prazo de dois anos posteriores.
Adicionalmente, também se comprometeram a vender uma parcela de agências em municípios nos quais os índices de concentração são mais elevados – sobretudo em cidades onde a Movida, principal concorrente, não está presente -, além de lojas de vendas de veículos que elas detenham. As restrições exigem ainda a venda da marca Unidas para um novo competidor no mercado, além de encerrar a cláusula de não concorrência com a Vanguard, empresa parceira nos Estados Unidos. Por fim, a nova empresa deverá ainda notificar operações de gestão e terceirização de frotas pelo prazo de cinco anos, além de não aliciar executivos e gerentes de compras das lojas alienadas por cinco anos.
A aprovação pelo Cade viabiliza uma das maiores fusões do Brasil, criando uma nova gigante no setor de locação com receita líquida de 17,6 bilhões de reais (valores de 2020) e frota de aproximadamente 454 mil veículos.
E Eu Com Isso?
Anunciado em setembro de 2020, enxergamos a resolução do processo como positiva para ambas as companhias, sendo este o principal catalisador para destravamento de valor de suas ações para o curto prazo. De fato, a aprovação pelo Cade foi bem recebida ontem pelo mercado, com as ações de ambas as companhias encerrando o dia em alta.
Os papéis de Localiza (RENT3) fecharam o pregão com alta de 3,13 por cento, enquanto as ações da Unidas (LCAM3) deram um salto de 4,63 por cento. Comparativamente, as ações da Movida, terceira maior locadora de veículos do país e que se manifestou de forma desfavorável ao negócio ao Cade, encerrou o pregão com queda de 0,49 por cento.
Em nossa visão, a combinação de negócios é positiva para as envolvidas, uma vez que esta deve propiciar maior sinergia e escala para a nova empresa, aumentando substancialmente suas vantagens competitivas e penetração no território nacional. A despeito do cenário otimista, destacamos, entretanto, que a venda da marca Unidas traz incerteza quanto ao futuro do negócio do novo grupo, mais especificamente no segmento RAC, onde possui maior engajamento. Caso, ainda, a nova empresa opte por vender toda frota RAC da Unidas (71 mil veículos), isso representaria uma redução de 15 por cento de sua frota total, o que a afetaria substancialmente.
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