Ao longo da semana, as ações da rede varejista americana GameStop se tornaram o papel mais comentado do mundo. Não pelas qualidades da empresa em si, mas pelas violentas oscilações em suas cotações registradas nos últimos dias. Para entender o caso específico da GameStop, leia o brilhante e esclarecedor texto do Fernando Martin clicando no título a seguir: “Queda da GameStop“. Porém, além do “evento GameStop”, o caso mostrou uma mudança no equilíbrio de forças no mercado americano. Pequenos investidores atuaram em conjunto por meio de redes sociais e colocaram gestores de fundos de hedge contra a parede. Ou, como se diz no mercado, “em corner”.
Apesar de ser tentador, um movimento como esse seria impossível de reproduzir no Brasil. As regras do mercado definidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela B3 limitam a quantidade de posições de venda a descoberto. Além disso, nos Estados Unidos há vários pregões, que concorrem entre si. Por aqui, o monopólio da B3 permite que ela tenha visibilidade para todas as posições de todos os participantes do mercado, o que dificulta a montagem dessas estratégias.
O que ocorreu ao longo da semana mostra o impacto das novas tecnologias sobre o mercado. Em circunstâncias ideais, o mercado é uma arena onde todos têm as mesmas oportunidades, e os mais competentes em aproveitá-las ficam com os prêmios. Na prática, não é bem assim. Os investidores profissionais têm acesso a mais capital, a mais sistemas e mais limites para operar em diferentes mercados. Essa facilidade de acesso acaba se traduzindo em mais informações.
O pequeno investidor não pode – e não deve – tentar competir com um gestor profissional de recursos. A disparidade de forças é muito grande. No entanto, se há uma lição a ser aprendida com o evento GameStop é que é possível aos pequenos investidores ter acesso a informações relevantes e em tempo hábil para aproveitar distorções de preço e obter um bom desempenho no mercado. Apesar de possível, recomendamos fortemente que o investidor não monte posições especulativas desse tipo.
Indicadores I
O setor público consolidado registrou déficit primário de 51,8 bilhões de reais em dezembro. O Governo Central, os governos regionais e as empresas estatais apresentaram déficits respectivos de 44,7 bilhões, 5,9 bilhões e 1,3 bilhão de reais. No ano, o resultado primário do setor público consolidado foi deficitário em 703,0 bilhões de reais (9,49 por cento do PIB), ante déficit de 61,9 bilhões de reais (0,84 por cento do PIB) em 2019. Esse resultado anual decorreu de déficit de 745,3 bilhões de reais no Governo Central (10,06 por cento do PIB), e de superávits de 38,7 bilhões de reais (0,52 por cento do PIB) nos governos regionais e de 3,6 bilhões de reais (0,05 por cento do PIB) nas empresas estatais.
Indicadores II
O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas, recuou 0,7 ponto em janeiro, para 85,5 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice cedeu 0,7 ponto. Em janeiro, a piora foi influenciada tanto pela percepção de queda no volume de serviços quanto das expectativas para os próximos meses, informou a FGV.
E Eu Com Isso?
O movimento dos mercados brasileiro e internacional começa com um movimento de queda das cotações. Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia em baixa de mais de 1 por cento.