Nesta terça-feira (2) após o fechamento do mercado, a Telefônica Brasil (VIVT3), detentora da marca Vivo, publicou um fato relevante anunciando sua parceria com o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) para criação de uma rede de fibra ótica de atacado no Brasil operado pela nova empresa FiBrasil Infraestrutura e Fibra Ótica S.A
Como resultado, o CDPQ vai investir 1,8 bilhão de reais em troca de 50 por cento da FiBrasil. A Telefônica Infra, empresa controlada pela espanhola Telefónica S.A, mesma controladora da Vivo no Brasil, vai possuir 25 por cento da empresa, e apesar de ainda sem valores especificados, deve investir valores com “condições econômicas equivalentes” por sua participação. Por fim, a Vivo vai possuir os outros 25 por cento em troca da sua rede atual de fibra ótica.
No mercado de telecomunicações, o termo “casas passadas” é utilizado para designar o número de clientes que a rede pode atingir considerando as regiões em que está instalada.
Atualmente, a rede da Vivo possui 1,6 milhões de casas passadas com a tecnologia FTTH (fibra ótica), a criação da FiBrasil tem como objetivo acelerar a expansão da infraestrutura no país, visando atingir 5,5 milhões de clientes em potencial no período de 4 anos, focando em cidades fora do Estado de São Paulo.
E Eu Com Isso?
A notícia deixa um sentimento misto no mercado, enquanto a necessidade por expansão de fibra ótica no país se mostra uma grande oportunidade de crescimento para as empresas de telecomunicações, a Vivo (VIVT3) terá apenas 25 por cento da nova empresa, sendo que outros 25 por cento ficaram diretamente com Telefônica da Espanha.
Apesar disso, esperamos impacto levemente positivo no preço das ações da Vivo (VIVT3) no curto prazo, uma vez que o acordo deve trazer um grande alívio de Capex (investimentos em infraestrutura) no futuro, além de ter sido a primeira a conseguir fechar um acordo do tipo, saindo na frente da TIM (TIMS3) e da Oi (OIBR3/OIBR4) que buscam parceiros para realização uma operação semelhante.
No fato relevante publicado, a companhia mostrou que a transação avalia a empresa em um múltiplo EV/Ebitda de cerca de 16,5 vezes, muito acima da média de 6,0 vezes das empresas do setor e em linha com uma recente venda de ativos de fibra feita pela Telefónica da Espanha no Chile.
O mercado de banda larga fixa segue extremamente pulverizado no Brasil, enquanto a Claro segue líder com cerca de 27 por cento do mercado, o total das operadoras menores que prestam serviço de internet (ISPs) totalizam 39 por cento do total, mostrando que ainda há bastante espaço para consolidação no país.
Quando olhamos para a participação de mercado de conexões que utilizam fibra ótica, a participação de ISPs torna-se ainda mais expressiva, com o total dos provedores independentes totalizando 53 por cento do mercado.
Seguimos atentos para as próximas movimentações no mercado de Fibra, com o leilão de ativos da Oi (OIBR3/OIBR4) cada vez mais próximo e a expectativa da TIM Brasil (TIMS3) encontrar algum parceiro para sua empresa de Fibra.
Enquanto isso, esperamos que a Vivo acelere sua expansão de rede e consolide o mercado ao qual ela já é líder, com 25 por cento das conexões de fibra no país.