O artigo de hoje irá elucidar para você, investidor, como a política pode afetar seus investimentos. Primeiro, porém, a pergunta de ouro: o que é a política? Claro que sempre nos remetemos à Brasília. Mas você sabe o que significa o conceito?
A política é a arena da construção do Estado, em que as principais diretrizes de uma nação são discutidas e compactuadas. É a ciência de governar. Ela é, dessa forma, crucial para a formulação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas públicas e outras questões administrativas do estado.
Nesse sentido, podemos pensar a influência da política no mundo dos investimentos, principalmente, em 3 pilares. São eles: eleições, cenário macro e empresas estatais.
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A política em três pilares
O primeiro e mais importante pilar é o das eleições. O resultado das eleições pode afetar diretamente os investimentos, ainda mais em países emergentes. Neles, constata-se que as democracias mais imaturas têm dificuldade em garantir o funcionamento pleno das instituições. Dessa forma, diferentes composições, tanto do executivo quanto do legislativo, interferem nos mercados financeiros. Isso varia, claro, de acordo com as inclinações político-ideológicas dos candidatos e suas visões sobre a economia.
Nesse sentido, o mercado brasileiro se pauta bastante na corrida eleitoral de 2 em 2 anos por conta das eleições. Explico: A cada 4 anos, temos as eleições presidenciais aqui no Brasil, mas na metade destes anos temos as eleições americanas, consideradas muito importantes para o mercado financeiro em âmbito global.
Já que o mercado de capitais americano é o mais importante do mundo, as direções da economia estadunidense afetam também os outros países. Por isso o olho no pleito americano.
Política é política econômica
Como é lógico deduzir, existem também diferentes teorias econômicas que sustentam a atuação de governos na economia. Concepções e premissas diferentes são adotadas por políticos em épocas de campanha eleitoral para resumir sua posição sobre o futuro da economia do setor público, da macroeconomia e – claro – dos investimentos.
Por exemplo, correntes mais ligadas à esquerda econômica acreditam na maior intervenção do estado na economia, via atuação ativa dos agentes públicos na promoção do desenvolvimento – seja por meio de empresas públicas, gastos públicos ou incentivos para setores da sociedade.
Correntes mais à direita acreditam em uma economia de mercado (privada), com prioridade total à competitividade, abertura comercial e intervenção somente regulatória do estado.
Claro que no plano prático nenhum país representa os “tipos ideais” de cada corrente econômica, sendo – salvo raras exceções no século XXI – misturas de economias mais ou menos planificadas e mais ou menos neoliberais.
Política econômica?
O segundo grande pilar da política que afeta os investimentos é a condução da política econômica do país. Entende-se política econômica como um conjunto de ações tomadas pelo governo para atingir determinados objetivos do cenário econômico do país. Basicamente, a política econômica se divide em três subtemas: política fiscal, política monetária e política cambial.
A política econômica de um país, principalmente nas últimas décadas em escala global, segue os princípios basilares da macroeconomia que consistem em: crescimento econômico, pleno emprego, estabilidade de preços e controle inflacionário
No limite, a macroeconomia analisa o ambiente econômico da sociedade como um todo, assim como os impactos nas empresas. Isso permite que investidores, empresários e economistas prevejam melhor as tendências e comportamentos futuros.
Retomando: a política econômica atua em três campos: na política fiscal, política monetária e política cambial de um país. A política fiscal busca manter o equilíbrio entre receitas e despesas públicas. A monetária, controlar a quantidade de moeda na economia (e inflação, por consequência). A cambial, administrar as taxas de câmbio.
Responsabilidade do governo
Investidores devem sempre ficar atentos à condução da política econômica de um país. Ela influencia diretamente no ambiente de negócios. Pode impactar os investimentos seja pelo patamar da taxa de juros do país, pelo risco de não pagamento das dívidas, ou até pelo controle/descontrole da inflação.
Para o mercado financeiro, um país atrativo é um país que demonstra responsabilidade fiscal e não demonstra risco de calote na dívida. Um país que mantém a inflação sob controle e pouca ingerência política e jurídica no mundo dos negócios.
As tais das estatais
O terceiro e último – mas não menos importante – pilar da influência política sobre os investimentos é o das empresas estatais.
Empresas comumente chamadas de estatais são, no linguajar técnico, sociedades de economia mista em que o Estado é o acionista majoritário, mas o setor privado também é participante. Assim como outra qualquer empresa de capital aberto, as estatais devem entregar resultados e lucros aos seus acionistas. Estão, portanto, sujeitas à previsões de underperform, neutral e outperform.
Acontece que, nas últimas duas décadas, as empresas estatais vem sofrendo com forte ingerência política, pouca eficiência e resultados abaixo do esperado. Assim como escândalos de corrupção e improbidade administrativa. Evidentemente, todos os elementos acima denunciam uma má administração do Estado sobre suas empresas, o que afugenta os investimentos.
Portanto, é possível acompanhar as diretrizes, os releases, a administração e conselho das empresas, entre outras ferramentas de avaliação, para entender se vale investir, ou não, em determinada estatal. Obviamente, a administração das estatais também está relacionada às eleições, uma vez que o Executivo que indica os presidentes das empresas.