Continuarei a te explicar sobre os critérios fundamentalistas mais importantes que eu utilizo para analisar uma empresa e compor minha carteira de ações.
O indicador fundamentalista mais importante que utilizo é o retorno sobre o capital. Para que uma empresa tenha retorno sobre o capital, é preciso que o seu resultado líquido seja positivo.
Lucro líquido é o principal objetivo de uma empresa
O resultado líquido de uma empresa é o principal termômetro para medir a saúde de uma empresa.
Este resultado é como o placar de um jogo de futebol do Campeonato Brasileiro. As receitas da empresa são os gols marcados pelos atacantes e os custos e despesas são os gols sofridos pela defesa. A diferença entre os gols marcados e os sofridos define o placar do jogo/resultado da empresa. E aqui na Levante nós entramos sempre para ganhar.
Margem Líquida
A margem líquida é uma medida simples de rentabilidade de uma empresa. Se o lucro líquido crescer mais do que a receita líquida em determinado período, haverá aumento da rentabilidade da empresa. Uma conta simples: lucro líquido dividido pela receita líquida, ou seja, o percentual que o lucro líquido representa da receita líquida em determinado período – quanto maior, melhor.
Comparar os resultados líquidos de empresas diferentes é incompleto, pois não considera o capital investido em cada companhia. Por exemplo, o setor de serviços quase não precisa de investimento em capital fixo, enquanto o setor de papel e celulose é intensivo em capital.
Portanto, é muito importante calcular o retorno sobre o capital de cada empresa da carteira de ações e não somente a margem líquida.
Retorno sobre o capital
O retorno sobre o capital é definido pela seguinte fórmula: lucro líquido dividido pelo capital da empresa.
O retorno sobre o capital é como se fosse o resultado do Campeonato Brasileiro, ou seja, é preciso computar os resultados de todos os jogos durante o ano para determinar se o time é campeão ou se vai para a Libertadores no ano seguinte.
Métricas de retorno
As principais métricas de retorno utilizadas pela análise fundamentalista são: retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e retorno sobre o capital investido (ROIC).
O patrimônio líquido é informado no balanço patrimonial, definido pela diferença entre ativos e passivos de uma empresa. O capital investido é a soma do capital próprio, representado pelo patrimônio líquido, e pelo capital de terceiros, que é o endividamento com instituições financeiras.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) é calculado da seguinte forma: lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido, ou seja, não leva em consideração o endividamento.
Para calcular o retorno sobre o capital investido (ROIC), é preciso dividir o lucro líquido pela capitalização total, que é a soma do patrimônio líquido com o endividamento com terceiros.
O ROE não considera o endividamento com bancos e o ROIC leva em conta a estrutura de capital da empresa, definida pela proporção entre capital próprio e de terceiros (dívida).
Geração de valor
Sempre que o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) for maior do que o custo de capital próprio (Ke), há geração de valor para o acionista. Se a métrica de retorno utilizada for o ROIC, há geração de valor quando o ROIC for superior ao custo médio ponderado de capital (WACC).
Uma empresa que tem retorno de capital acima do seu custo de capital gera valor para os seus acionistas no longo prazo. Portanto, uma boa carteira de ações precisa ter empresas que geram lucro econômico que supere o seu custo de capital.
Eu já falei sobre o assunto na coluna “Como saber o placar do jogo”.
Coisas boas custam caro
Quanto mais alto for o retorno de uma empresa, mais alto geralmente são os seus múltiplos de avaliação de mercado. Por exemplo, um banco que tem um ROE mais alto tem sempre um múltiplo preço/valor patrimonial da ação mais elevado que o banco que tem ROE mais baixo.
Critérios Fundamentalistas Quantitativos
Por último, encerro a série de colunas sobre os principais critérios quantitativos que eu utilizo na minha análise fundamentalista: i) nível de endividamento; ii) fluxo de caixa e; iii) retorno sobre o capital.