A inflação americana está elevada. Na sexta-feira (10), o BLS (Bureau of Labor Statistics), órgão público americano comparável ao nosso IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o índice de preços ao consumidor (Consumer Price Index – CPI) de novembro foi de 0,8%. No acumulado em 12 meses, a inflação para o consumidor subiu 6,8%. Para comparar, nos 12 meses até outubro, a taxa acumulada era de 6,2%.
O núcleo do CPI, denominado “core index”, que exclui itens cujos preços são mais voláteis, como alimentos e energia subiu 0,5% em novembro. Isso elevou a variação em 12 meses para 4,9%, acima dos 4,6% de outubro. Considerando-se a inflação geral, o índice foi o mais elevado desde novembro de 1982. Ou seja, há quase 40 anos.
Só para dar uma ideia: da última vez que houve uma inflação tão elevada nos Estados Unidos não existiam internet, televisão a cabo e telefone celular. A União Soviética ainda era um país temido por seu potencial nuclear. E o presidente do Brasil era um general escolhido indiretamente.
Assim como no Brasil, os índices de preços americanos têm sido turbinados por itens específicos. Os preços da energia avançaram 3,5% em novembro, e os preços da gasolina subiram 6,1% no mês. Em 12 meses, a alta da energia foi de 33% e o gasto nas bombas de combustível ficou 58% maior.
Não foi o único número a mostrar o aquecimento da economia. Na quinta-feira (09) o Departamento do Trabalho havia divulgado uma queda recorde nos pedidos iniciais de seguro-desemprego. O resultado da semana encerrada em 4 de dezembro foi de 184 mil pedidos, uma queda de 43 mil pedidos em relação ao nível revisado da semana anterior. Foi o menor número semanal de pedidos desde os 182 mil pedidos na semana encerrada em 6 de setembro de 1969. A média móvel de quatro semanas caiu para 218,75 mil pedidos, uma diminuição de 21,25 mil pedidos em relação à média revisada da semana anterior.
Com tantos números indicando o aquecimento da economia, a expectativa dos investidores é que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, deve acelerar na retirada dos estímulos à economia.
A expectativa agora é que, na reunião marcada para a terça-feira (14) e para a quarta-feira (15), Jerome Powell, presidente do Fed, anuncie que a compra será reduzida em US$ 30 bilhões por mês, em vez dos US$ 15 bilhões anunciados em outubro.
Com isso, o programa que vinha injetando US$ 120 bilhões na economia todos os meses deverá estar encerrado em março do ano que vem, o que, na cabeça dos investidores, abre espaço para o Fed começar a elevar os juros. A estimativa é de três altas das taxas referenciais de curto prazo já em 2022, mais três em 2023 e mais duas em 2024.
Relatório Focus
As expectativas para 2021 têm se alterado pouco devido à aproximação do fim do ano. Os prognósticos para 2022, porém, continuam mudando.
Agora, a projeção para a taxa referencial Selic no fim de 2022 subiu para 11,50% ante 11,25% da semana anterior e 11% há quatro semanas.
A projeção de crescimento da economia para o ano que vem recuou levemente para 0,50%, ante 0,51% da semana anterior, mas registrou uma forte queda ante os 0,93% de há quatro semanas.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os contratos futuros do Ibovespa e do índice americano S&P 500 em alta, apesar da expectativa de endurecimento da política monetária. A interpretação dos investidores é que, apesar da alta potencial dos juros, os prognósticos para a economia seguem positivos.
As notícias são positivas para a bolsa.
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