Esta semana será marcada pela expectativa com relação aos índices de inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Coincidentemente, a quarta-feira (10) terá a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e a do CPI (Consumer Price Index) pelo Bureau of Labor Statistics americano.
Ambos devem mostrar que os preços estão aquecidos. A estimativa para o IPCA de outubro é de uma alta de até 1,05%, o que deverá elevar a inflação acumulada em 12 meses para 10,45%, ante os 10,25% nos 12 meses até setembro.
Já o prognóstico para o CPI é que a inflação acumulada em 12 meses suba para 5,8%, ante os 5,4% nos 12 meses anteriores.
Não é novidade que as inflações brasileira e americana há muito saíram dos gabaritos definidos pelos respectivos bancos centrais. A diferença é qual será a atitude das autoridades monetárias em relação a isso. No caso brasileiro, o BC (Banco Central) já acelerou o aperto da política monetária. Na mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC elevou a taxa referencial Selic para 7,75% ao ano, uma alta de 1,5 ponto percentual, em vez da alta “prometida” na reunião anterior, que era de um ponto percentual. Isso influenciou as expectativas do mercado.
Já o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, anunciou o início da retirada dos estímulos colocados em marcha para combater a pandemia, mas ainda não tocou no assunto de elevar os juros.
Uma das justificativas seria que a medida de inflação preferida pelo Fed, o PCE (Personal Consumption Expenditure) está abaixo do CPI. Na ponta do lápis, o PCE variou 0,3% em setembro e “apenas” 4,4% no acumulado de 12 meses, um ponto percentual abaixo do CPI. E se a inflação pelo PCE for calculada sem as variações dos preços dos alimentos e da energia, a taxa em 12 meses é ainda menor, de 3,6%.
A injeção monetária e a desarticulação de muitas correntes de comércio neste quase pós-pandemia tornaram a inflação um fenômeno global. A incógnita é qual será a estratégia do Fed para combater a alta de preços nos Estados Unidos. Ou, em outros termos: a pergunta de vários trilhões de dólares é até quando os investidores terão paciência com a paciência do Fed com a inflação. A conferir.
Relatórios Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo BC nesta segunda-feira (08), mostra uma piora das expectativas para este ano e para 2022. A inflação prevista para 2021 subiu de 9,17% para 9,33%, ao passo que a projeção para o ano que vem avançou para 4,63% ante os 4,55% da edição anterior.
Há quatro semanas, a projeção para 2022 era de 4,17%. E a Selic esperada para dezembro do ano que vem subiu de 10,25% para 11%. O percentual era de 8,75% há quatro semanas.
Indicadores
O IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) acelerou em outubro, subindo para 1,60% ante a queda de 0,55% em setembro. Agora, o IGP-DI acumula alta de 16,96% no ano e de 20,95% em 12 meses. Em outubro de 2020, o índice havia subido 3,68% e acumulava elevação de 22,12% em 12 meses.
O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) subiu 1,90% em outubro após ter caído 1,17% em setembro. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) desacelerou para 0,77% ante 1,43% em setembro. E o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu 0,86% em outubro, ante 0,51% no mês anterior.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os contratos futuros de Ibovespa em leve baixa, apesar do cenário positivo no mercado internacional, devido à indefinição no cenário econômico provocada pela decisão monocrática da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal.
As notícias são negativas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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