A Johnson & Johnson (JNJ) está pedindo uma revisão junto à Suprema Corte sobre uma decisão de US$ 2 bilhões a favor de mulheres que afirmam ter desenvolvido câncer de ovário com o uso de produtos à base de talco da empresa.
O cerne da discussão está na composição de tais produtos. Por um lado, os acusadores e seu aparato de defesa alegam que os produtos contêm amianto e que a sua administração associada ao talco é cancerígena.
Além disso, a companhia estaria ciente dos potenciais danos às mulheres e aos bebês e teria deturpado “a segurança desses produtos por décadas”.
A Johnson & Johnson defende-se alegando que as decisões de alguns anos atrás estavam “em desacordo com décadas de avaliações científicas independentes confirmando que o pó de bebê Johnson é seguro, não está contaminado por amianto e não causa câncer”.
As preocupações com a segurança do pó de talco levaram a milhares de processos judiciais nos Estados Unidos por mulheres que afirmam que o amianto no pó causou seu câncer.
O talco é um mineral de estrutura semelhante ao amianto, conhecido pelo potencial danoso, e, por vezes, é extraído nas mesmas minas.
A indústria de cosméticos em 1976 concordou em garantir que seus produtos de talco não contivessem quantidades detectáveis de amianto.
E Eu Com Isso?
A novela da Johnson envolvendo seus produtos à base de talco e mulheres que teriam desenvolvido câncer devido à administração dos mesmos não é de hoje.
Certamente, o risco de prejuízos financeiros e de imagem já estão precificados pelo mercado. A apelação desta semana pode reduzir o prejuízo com litígio e trazer um impacto levemente positivo nas ações JNJ.
Os US$ 2 bilhões representam cerca de 12,5% do seu lucro anual.
Em 2020 a companhia reservou cerca de US$ 3,9 bilhões para possíveis perdas de natureza litigiosa em seu balanço. Tal reserva levou o segmento de Consumidor Final a fechar o ano com margem operacional negativa.
O primeiro grande prejuízo financeiro devido ao Johnson’s Baby Powder foi em 2018, no estado de Missouri, quando a companhia foi condenada a pagar mais de US$ 4,7 bilhões em indenizações às vítimas.
A Johnson sempre busca apelar as sanções para reduzir os prejuízos. Na decisão de 2018, foi possível reduzir o montante para US$ 2,1 bilhões mais os juros do período.
O lado “B” da indústria farmacêutica: margens elevadas, alto retorno sobre o capital, geração de caixa, patentes e barreiras à entrada conferem às farmacêuticas vantagens interessantes.
O outro lado da moeda é o risco potencial que os seus produtos podem oferecer aos usuários, mesmo que venham à tona após anos de administração e danos “invisíveis” no curto prazo.
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