Após o fim do acordo de compartilhamento de voos (conhecido como codeshare) entre as empresas Latam Brasil e Azul (AZUL4), a Azul tem se mostrado fortemente comprometida com seu plano de consolidação da indústria.
Para tal, a companhia realizou a contratação de consultores com a finalidade de avaliar ativamente oportunidades de expansão de seus negócios.
Nesse contexto, a Azul tem conversado com arrendadores de aviões credores da Latam Group, em recuperação judicial, para organizar uma estratégia para a compra da subsidiária brasileira.
A Latam Group deve apresentar seu plano de recuperação judicial até julho à justiça em Nova York. A estratégia da Azul implicaria em participar desse processo realizando a compra da operação do Brasil, tendo o apoio dos arrendadores credores do grupo.
As investidas da Azul diretamente com a concorrente, no entanto, não têm aparentemente surtido efeito até o momento. O grupo chileno mostra-se resistente à ideia de vender sua operação no Brasil, que representa cerca de 60 por cento dos negócios.
Em 25 de maio, com o anúncio do fim do acordo de codeshare com a Azul, a Latam reportou descontentamento com a parceria, alegando um desempenho bem abaixo de suas expectativas, com cerca de apenas 2 por cento dos passageiros da Latam provenientes do acordo.
A Azul, por sua vez, comunicou ao mercado seu forte apetite por expandir suas operações, alegando que a resposta da Latam seria uma reação a este movimento.
O acordo de codeshare será oficialmente encerrado em 22 de agosto de 2021. Também não há, até o momento, proposta formal de aquisição, e nada deve ser oficializado até a Latam Group apresentar seu plano de recuperação aos credores.
E Eu Com Isso?
Apesar da resistência apresentada pela Latam Group, a Azul tem se mostrado bastante objetiva em seu processo de consolidação da indústria.
Nesse contexto, a estratégia de se organizar com os arrendadores de aviões credores do grupo chileno mostra-se acertada, possuindo o apoio destes para avançar na compra do grupo, que se encontra fragilizado.
Dessa forma, apesar das veementes negativas da Latam, esperamos uma reação levemente positiva para as ações da Azul (AZUL4) no curto prazo dado perspectivas mais positivas em relação ao seu plano de expansão.
Para que a estratégia tenha sucesso, é necessário que a Azul obtenha um consenso com os credores da Latam que ajudaram a compor o programa DIP (“debtor in possession”) da companhia – ou seja, credores que possuem preferência quando a Latam Group começar a pagar suas dívidas da recuperação judicial.
A Latam conseguiu um DIP de aproximadamente 2,3 bilhões de dólares, financiado por grupos como a Oaktree Capital Management, Knighthead Capital, Qatar Airways, entre outros.
Cabe ressaltar que o processo de recuperação judicial da Latam mostra-se uma oportunidade propícia para a Azul, uma vez que a RJ tira certos poderes dos acionistas da Latam na decisão sobre uma eventual oferta de aquisição.
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