Nesta quarta (12), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid recebeu o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, para um longo e conturbado depoimento. Nos momentos mais tensos, houve bate-boca entre senadores e o comunicador chegou a ter sua prisão solicitada por integrantes da comissão.
Diferentemente do que havia dito recentemente a uma revista de circulação nacional, em seu depoimento Wajngarten preservou de críticas o governo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No entanto, o ex-auxiliar revelou que a farmacêutica Pfizer enviou carta ao Planalto em setembro de 2020, oferecendo vacinas, e foi ignorada por dois meses – até que ele mesmo contatasse a companhia.
O ex-secretário também se esquivou de responsabilidade sobre campanhas que circularam nos perfis oficiais da Secretaria de Comunicação do governo, como a que incentivava a volta à normalidade no início da pandemia e a que colocava o ato de se vacinar como uma escolha pessoal.
Wajngarten foi contestado diversas vezes pelos senadores, que o acusaram de mentir na Comissão – crime tipificado pelo Código Penal brasileiro. No momento mais crítico da sessão, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) sinalizou que pediria a prisão em flagrante do ex-auxiliar, mas o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), rechaçou a possibilidade.
Nesta quinta (13), a CPI deve ouvir o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlo Murillo, e o foco deve ser praticamente todo nas negociações para a venda de vacinas contra a Covid-19 ao Brasil. Na semana que vem, estão previstos depoimentos do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Saúde, Eduardo Pazuello, entre outros nomes.
E Eu Com Isso?
A CPI vai afunilando os focos investigativos, que parecem se desenhar em torno de três eixos: a possível existência de um comitê paralelo de tomada de decisão sobre as medidas envolvendo a pandemia; o incentivo à hidroxicloroquina e a postura do governo federal com relação ao medicamento; e o suposto atraso na compra de vacinas, devido à negligência do governo.
A prova documental de contato da Pfizer, em meados de setembro de 2020, e a falta de resposta do governo federal deve colocar mais atenção aos eventuais erros cometidos quando das negociações – ainda que, à época, a Anvisa não tivesse aprovado o imunizante.
Por fim, a prisão de Wajngarten, caso tivesse ocorrido, teria praticamente sepultado precocemente a Comissão, fazendo com que os próximos entrevistados ficassem acuados e abrindo perigoso precedente no que se refere à atuação do colegiado. Por isso – entre outras razões – o presidente da CPI negou tal possibilidade e já deixou claro que não “será carcereiro”, indicando que dificilmente permitirá um movimento mais drástico durante os trabalhos. Os investidores seguem acompanhando o desenrolar da CPI, mas ela não tem feito preço nos ativos durante os pregões. Essa tendência deve continuar, pelo menos no curto prazo.
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