A Aliansce Sonae (ALSO3) apresentou nesta quarta-feira (12), após o fechamento do mercado, os seus resultados do primeiro trimestre de 2021. Seus números vieram fracos e abaixo do esperado na última linha, impactados pelo aumento de provisões e maior taxa de inadimplência.
As vendas no critério mesmas lojas (Same Store Sales, ou SSS) recuaram em 14,7 pontos percentuais na comparação ano contra ano, registrando queda de 27,0 por cento no 1T21. A piora do indicador foi agravada principalmente devido à redução do horário de funcionamento dos shoppings, também observada em outras empresas do setor.
A métrica de aluguel em mesmas lojas (Same Store Rent, ou SSR) também despencou no período em 3,4 pontos percentuais no ano contra ano, registrando queda de 14,4% no trimestre. Esse impacto deve-se a dificuldade da Aliansce na cobrança de aluguel dos lojistas no atual período.
A taxa de ocupação dos shopping centers caiu para 95,2 por cento no período, contra uma ocupação de 95,7 por cento no 1T20. A inadimplência líquida aumentou em 8,10 pontos percentuais, atingindo 13,6 por cento no trimestre. Esta alta é reflexo da queda do volume de vendas das lojas, o que afeta a capacidade de pagamento dos lojistas. Além disso, o primeiro trimestre do ano apresenta uma sazonalidade natural, de arrefecimento natural do setor após o período de compras das festas de fim de ano.
Sua receita líquida recuou em 13,2 por cento no ano contra ano, registrando 191,3 milhões de reais no trimestre. A queda foi puxada principalmente devido à contração nas receitas de estacionamento, que recuaram em 48,5 por cento no ano contra ano, e com as receitas com aluguel, que caíram 18,6 por cento na comparação anual. Novamente, as linhas foram impactadas pelo aumento das medidas de restrição de circulação e redução do horário de funcionamento dos shoppings.
Devido aos efeitos do novo agravamento da pandemia, a Aliansce ainda aumentou sua linha de provisões para devedores duvidosos (PDD) em 163,2 por cento, alcançando 23 milhões de reais no período. Além disso, a companhia realizou ainda uma provisão adicional de 6 milhões de reais, relativos aos recebimentos futuros de lojistas, para os quais foram concedidos descontos.
Dessa forma, o NOI (em inglês, o Net Operating Income, ou o lucro operacional) da companhia recuou em 24,0 por cento no ano contra ano, contabilizando 141,6 milhões de reais no período. Sua margem também apresentou redução de 10,1 pontos percentuais, registrando 78,8 por cento no trimestre.
O Ebitda ajustado (métrica de geração de caixa operacional) da companhia recuou em 24,6 por cento na comparação anual, totalizando 115,6 milhões de reais no período. Sua margem Ebitda ajustada também encolheu 9,1 pontos percentuais, registrando 60,4 por cento no período.
Seu FFO (em inglês, Funds From Operations) ajustado, métrica de lucro líquido com efeito caixa, também contraiu em 54,3 por cento no ano contra ano, totalizando 40,7 milhões de reais no período. Sua margem FFO também recuou em 18,9 pontos percentuais, registrando 25,9 por cento.
Por fim, em relação ao seu nível de endividamento, a companhia encerrou o período com dívida líquida de 586,1 milhões de reais, uma redução de 6,1 por cento em comparação ao mesmo período no ano anterior, com relação dívida líquida sobre Ebitda de 1,2 vezes.
E Eu Com Isso?
Os resultados da companhia vieram fracos e abaixo do esperado na última linha de FFO, impactados pelo fechamento dos shoppings quase que na totalidade do mês de março nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte. Foi observado aumento das provisões e na taxa de inadimplência de aluguéis de seus lojistas. Dessa forma, esperamos um impacto negativo no preço das ações da companhia (ALSO3) para o curto prazo.
O resultado mais contido para o setor de shopping center já havia sido antecipado com a divulgação do resultado de Multiplan (MULT3), primeira empresa do setor a reportar os seus resultados do primeiro trimestre, cujos números se mostraram enfraquecidos devido ao impacto do aumento das medidas restritivas para o setor.
Por ser um setor que depende da circulação de pessoas em seu ambiente e tem sua receita basicamente via aluguel de seus lojistas e estacionamento dos shopping centers, este se mostra especialmente impactado no atual momento de crise.
Ressaltamos, no entanto, que os preços das ações de companhias do setor de shopping centers encontram-se atualmente bastante descontadas, o que é natural dado o atual quadro de limitação de funcionamento do setor desde o último ano.
Em um cenário de avanço de vacinações e previsão de chegada de maior leva de vacinas para o segundo semestre do ano, a perspectiva é que as ações caminhem em uma tendência mais positiva adiante. Importante, no entanto, não desconsiderar os potenciais riscos inerentes da conjuntura política econômica, onde ruídos ou ingerências políticas podem levar a maior morosidade no avanço de vacinações e a consequente postergação da retomada das atividades como um todo.
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