Nesta quinta-feira (4) após o fechamento do mercado a B3 divulgou seus resultados do último trimestre de 2020. O resultado veio forte e acima do esperado, com sólido crescimento nas principais linhas de resultado, algo até certa medida esperado considerando que a companhia já havia divulgado o seu resultado operacional no trimestre, com alto crescimento no volume negociado no segmento de ações.
A companhia apresentou um crescimento em relação ao 4T19 de 44,4 por cento na sua receita líquida, atingindo 2,3 bilhões de reais, com crescimento em todos os segmentos, com exceção de Balcão, que apresentou uma queda de 5,4 por cento devido a queda em instrumentos com renda fixa. A principal fonte de crescimento para a companhia no trimestre veio justamente de seu maior segmento, a receita proveniente de Ações e instrumentos de renda variável apresentou crescimento de 54 por cento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
As despesas ajustadas da B3 cresceram 10 por cento em relação ao quarto trimestre de 2019, atingindo 341 milhões de reais no trimestre. Com isso, o EBITDA recorrente da companhia atingiu 1,7 bilhões de reais, representando um aumento de 46 por cento na comparação com 4T19.
Por fim, o lucro líquido atribuído aos acionistas atingiu 1,0 bilhões de reais no trimestre, um crescimento de 49 por cento na comparação anual, impulsionado pela forte performance operacional e também pela melhora em 76 por cento no resultado financeiro.
A companhia anunciou distribuição de dividendos no montante total de 1,98 bilhão de reais, sendo 798,5 milhões em dividendos regulares referentes ao resultado do 4T20 e mais 1,189 bilhão em extraordinários. Esse montante é de 0,965 reais por ação, o que representa um retorno em dividendos adicional de 1,74 por cento. A data de corte para os dividendos é 24 de março.
O pagamento de dividendos e JCP totalizou 5,3 bilhões de reais em 2020, além da recompra de ações e cancelamento no valor de 900 milhões de reais, o que representa 5,3 por cento de retorno em proventos, considerando o preço de fechamento do último pregão.
Adicionalmente, o Conselho de Administração da B3 propôs o desdobramento das ações na relação de 1 para 3 e um programa de recompra de 27,6 milhões de ações, no prazo de 360 dias corridos, equivalente a 0,44 por cento do total de ações em circulação, após o desdobramento.
A B3 encerrou 2020 com uma alavancagem financeira controlada: relação entre dívida líquida e Ebitda de 1,1 vezes, abaixo da previsão (guidance) da empresa de 1,5 vezes para 2021.
E Eu Com Isso?
A B3 apresentou um bom resultado, mesmo com a divulgação mensal dos indicadores operacionais, a companhia conseguiu entregar um resultado acima das expectativas, especialmente em termos de receita e Ebitda. Com isso, esperamos um impacto positivo no preço das ações da companhia (B3SA3) no curto prazo.
Mesmo sem uma pressão competitiva direta, isso é, sem nenhuma outra bolsa de valores no país, a companhia entende que deve melhorar continuamente para não perder sua relevância no mercado.O lançamento dos BDRs não apenas restrito aos investidores qualificados na segunda metade de 2020 é um exemplo da melhoria contínua no seus produtos e serviços que a companhia vem implementando, para 2021 esperamos o lançamento de mais produtos que ajudem a companhia a aumentar o volume de negócios.
O cenário atual parece favorável para a B3 em 2021, o aumento da liquidez com o atual baixo patamar de taxas de juros ao redor do mundo beneficia a companhia uma vez que aumenta a atratividade dos investimentos em ações. Além disso, no Brasil, o número de CPFs na Bolsa como percentual da população segue baixo quando comparado com a média da América Latina e bastante abaixo de países desenvolvidos.
Por outro lado, o cenário político e macroeconômico do país, que recentemente resultou em um aumento do risco atrelado ao mercado brasileiro, tem afastado a entrada de capital estrangeiro o que pode dificultar a manutenção do ritmo de crescimento visto ao longo de 2020 no curto prazo.
Os principais catalisadores para as ações da B3 (B3SA3) são aumento do número de investidores pessoa física na bolsa, aumento da complexidade de transações e ofertas de ações (IPOs e follow-ons).