Na noite desta quinta-feira (25), a mineradora Vale divulgou seus resultados referentes ao 4T20 e do ano consolidado de 2020. A divisão de minério de ferro apresentou o segundo melhor resultado da história da companhia, com o preço médio realizado no trimestre alcançando 130,7 dólares por tonelada, o que impulsionou a forte geração de caixa, com pagamento de dividendos.
Os principais destaques positivos foram:
i) Forte geração de caixa no trimestre de 5 bilhões de dólares, puxado pelos preços maiores das commodities no período, com o saldo de caixa da empresa superando o total da dívida bruta em 900 milhões de dólares no fechamento do ano.
ii) Ebitda recorrente (aproximação da geração de caixa operacional) de 9,10 bilhões de dólares no trimestre (excluindo os efeitos do acordo de Brumadinho), com crescimento de 46 por cento em relação ao trimestre passado e 94,6 por cento em relação ao 4T19. No ano, o Ebitda recorrente alcançou 21,95 bilhões de dólares, crescimento de 22 por cento em relação a 2019, com margem consolidada de 54,9 por cento.
iii) O segmento de metais básicos teve um bom desempenho, com crescimento do Ebitda de 75 por cento na comparação do 4T20 com 4T19, alcançando 1,1 bilhão de dólares no trimestre e 2,98 bilhões de dólares no ano.
Os destaques negativos foram:
i) Ebitda ainda negativo dos segmentos de carvão e demais metais (por exemplo Níquel e Cobre), além do impacto adicional do acordo de Brumadinho, com efeito negativo de 4,85 bilhões de dólares no 4T20 e total de 5,25 bilhões de dólares no Ebitda em 2020.
A companhia ainda anunciou dividendos extraordinários de 4,26 reais por ação (retorno de 4,5 por cento), adicionalmente aos 2,4 reais por ação pagos anteriormente neste ano, o que representa um retorno em dividendos de cerca de 8 por cento no ano, considerando o preço médio de cotação das ações da Vale ao longo de 2020.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que os resultados da companhia foram fortes como esperado, devido ao preço de minério de ferro em alta subsequente durante o trimestre, puxado pelas fortes atividades industriais da China. Apesar da forte geração de caixa, os dividendos anunciados podem decepcionar o mercado que esperava um yield por volta de 10 por cento no ano, porém o acordo de Brumadinho (cuja definição do valor final é positiva para a companhia) pode ter afetado a decisão do montante a ser distribuído aos acionistas neste período.
Apesar do efeito contábil forte no balanço da companhia, a maior parte do provisionamento já vinha sendo feita pela empresa ao longo de 2020, com impacto sobre a geração de caixa diluída ao longo do tempo, sem afetar de maneira significativa o montante esperado de geração de caixa livre para os próximos períodos.
Esperamos uma reação positiva no curto prazo para as ações da Vale, com expectativa de resultados ainda mais fortes no 1T21, com preços médios já acima dos 160 dólares por tonelada no trimestre. Os resultados podem ser ligeiramente mais fracos em termos de volumes embarcados, devido às paradas sazonais na China, porém provavelmente mais que compensados pelos preços médios realizados.
As perspectivas para os resultados da companhia são excelentes para o ano de 2021, com a companhia aumentando a produtividade de suas plantas sem a necessidade de investimentos robustos, como em anos anteriores, além dos preços médios mais altos pela forte atividade da China que deve continuar pelo menos para o restante do ano. Além disso a restrição da importação do carvão da Austrália para a China, tem feito os preços do carvão ficarem em patamares mais altos no país, dando preferência ao minério de maior qualidade, que possui prêmio em relação à cotação de referência do minério de 62 por cento de qualidade, produto que a Vale vende em grande quantidade.
As expectativas para dividendos robustos também são boas para este ano, com geração de caixa saudável, custo de produção em queda constante e patamar de endividamento baixíssimo, além da baixa necessidade de desembolso para investimentos nas operações.