A Duratex (DTEX3) divulgou nesta segunda-feira (08), o seu resultado do quarto trimestre de 2020. Com uma recuperação econômica em ritmo mais intenso que o previsto e o setor de construção civil sendo beneficiado pelas taxas de juros em mínimas históricas, a companhia divulgou resultados recordes de receita líquida, Ebitda ajustado e recorrente, além de geração de caixa operacional, sendo 2020 o melhor ano de sua história.
A receita líquida apresentou um resultado de 1,89 bilhão de reais no 4T20, um aumento de 6,5 por cento quando comparada ao trimestre anterior, e uma alta de 27,4 por cento quando comparada ao mesmo período em 2019, em níveis pré-Covid.
O forte resultado deve-se em parte ao reajuste de preços praticado em seus produtos, o que mitigou as pressões de seus custos de insumos, além do expressivo aumento de vendas, resultantes da acelerada recuperação econômica.
Em relação ao Ebitda registrado pela companhia, este apresentou queda de 18 por cento no trimestre, totalizando 488 milhões de reais no 4T20. No entanto, quando observamos o seu Ebitda ajustado, que exclui variação de ativos biológicos e outros itens, verificamos um aumento de 85 por cento em relação ao 3T20 para um total de 516 milhões de reais. O forte aumento foi proporcionado pelo crescimento de volumes e preços, juntamente com a diluição de custos fixos.
Quanto à evolução de sua dívida, observamos uma queda de seu nível de alavancagem para 1,15x (Dívida Líquida/Ebitda Ajustado), devido à forte geração de caixa do trimestre e redução de custo da sua dívida. A dívida líquida da companhia em 2020 totalizou 1,47 bilhão de reais, com um decréscimo de 408 milhões no trimestre.
Por fim, seu lucro líquido apresentou uma alta de 143 por cento em relação ao 3T20, e de 5,9 por cento quando comparado ao mesmo período em 2019, totalizando 302 milhões de reais no quarto trimestre de 2020.
E Eu Com Isso?
A Duratex divulgou resultados sólidos no 4T20, acima das expectativas de mercado e indicando uma perspectiva favorável para o ano. Desse modo, esperamos um impacto positivo no preço das ações (DTEX3) no decorrer do dia.
Os números da Duratex foram positivos em todas as divisões. A Duratex adotou estratégia acertada e mostrou-se capaz de aproveitar a conjuntura vantajosa para intensificar suas vendas nos seus vários segmentos (painéis de madeira e cerâmica/metais da divisão Deca) e realizar aumentos de preços dos seus produtos diante da demanda aquecida. Contudo, embora forte no 4T20, a correção de preços no ano foi inferior à inflação, compensada pela diluição de custos fixos, que sustentou o crescimento observado nas margens operacionais.
Vale observar também que a conversão de resultado em caixa alcançou níveis satisfatórios em 2020. De fato, a razão entre o fluxo de caixa livre, ignorando projetos de expansão e incluindo somente o Capex de manutenção, e o Ebitda ajustado atingiu 88 por cento em 2020. Embora esse número seja positivo, nota-se contribuição significativa da liberação de capital de giro, proveniente da redução em 50 dias do ciclo de conversão de caixa. Naturalmente, não é sustentável uma redução dessa magnitude todos os anos, razão pela qual a conversão deve ser menor em 2021, porém sem ameaçar a qualidade dos resultados da companhia.
Em relação à estrutura de capital, cabe mencionar que, ao encerrar o ano com uma relação dívida líquida / Ebitda de 1,15x e dívida líquida / patrimônio líquido de 29 por cento, a Duratex revela uma estrutura de capital não otimizada devido ao seu conservadorismo.
A Duratex anunciou a distribuição de proventos compostos por JCP de 0,3143 real por ação e dividendos adicionais de 0,4344 por ação, o que representa um retorno bruto de 3,5 por cento. A partir de 18 de fevereiro, os papéis serão negociados ex-direitos, e o pagamento aos acionistas será efetuado no dia 26 do mesmo mês.
Portanto, embora os números entregues pela Duratex no trimestres sejam positivos e a conjuntura delineada para 2021 seja favorável para manutenção de resultados fortes via crescimento de volumes e preços, os seguintes riscos devem ser monitorados: (i) alocação de recursos em projetos e/ou aquisições não rentáveis ou incompatíveis com o modelo de negócios da companhia; (ii) dificuldade de otimização da estrutura de capital; e (iii) início e ramp-up do projeto DWP (celulose solúvel), programado para 2022.