O resultado das eleições para a presidência do Legislativo confirmou as expectativas dos investidores, com a vitória do deputado Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados e a do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando do Senado Federal. Do ponto de vista econômico, a notícia foi boa.
Os dois candidatos vitoriosos têm o apoio do presidente da República. Portanto, é possível prever uma distensão nas relações entre Executivo e Legislativo. Nos últimos tempos, a oposição aberta de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, a Jair Bolsonaro tem contribuído para emperrar a tramitação das reformas.
O atraso é considerável. É possível dizer que, após a aprovação da Reforma da Previdência, em novembro de 2019, o Parlamento não avançou em nenhuma reforma significativa. No ano passado, a confluência entre os atrasos provocados pela pandemia e o fato político das eleições municipais retardou os trabalhos legislativos. Nem mesmo o Orçamento de 2021 foi aprovado. Também ficaram sem avançar discussões importantes como as reformas tributária e administrativa. A emenda da emergência fiscal, que autoriza o governo a suspender concursos, reduzir jornada e salários de servidores para evitar o estouro do teto de gastos públicos. Sem falar nas privatizações.
A expectativa de avanço em pelo menos alguns desses pontos permite manter o otimismo com os preços dos ativos, considerando-se que o cenário internacional permanece inalterado, com juros baixos, liquidez abundante e as autoridades monetárias e econômicas das principais economias ainda comprometidas com políticas expansionistas.
Esse cenário deve demorar para mudar, pois as notícias internacionais permanecem ruins. Na manhã desta terça-feira (02), o departamento de estatísticas da Zona do Euro (Eurostat) divulgou que a economia da região encolheu 0,7 por cento no último trimestre de 2020. A causa foram as medidas de restrição para conter a segunda onda de infecções pelo coronavírus. Resultados preliminares indicam uma contração de 6,8 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) para a região no ano passado.
A Zona do Euro havia apresentado um crescimento expressivo de 12,4 por cento no terceiro trimestre, já que as baixas taxas de contaminação naquele momento permitiram aos governos reabrir parcialmente suas economias. No entanto, a situação se agravou nos três últimos meses de 2020, com a Alemanha e a França chegando a reintroduzir bloqueios nacionais. O endurecimento das restrições sociais voltou a pesar no desempenho econômico.
Indicadores
A produção industrial cresceu pelo oitavo mês consecutivo e avançou 0,9 por cento em dezembro ante novembro. A produção industrial fechou 2020 com queda de 4,5 por cento em relação a 2019, intensificando o recuo de 1,1 por cento de 2019. É o pior resultado para um ano desde 2016, quando houve queda de 6,4 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) nesta terça-feira (02).
E Eu Com Isso?
A perspectiva de celeridade na tramitação das reformas continua estimulando os investidores. Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia em alta superior a 1 por cento, indicando um cenário positivo para o mercado.