Na noite da última sexta-feira (22), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) divulgou o prospecto preliminar da oferta pública de ações (IPO) de sua subsidiária CSN Mineração (CMIN), desta vez com as faixas de preços e maiores detalhes da oferta definidos.
A oferta do lote principal está prevista para levantar em torno de 5,1 bilhões de reais em recursos líquidos, com cerca de 1,56 bilhão em oferta primária, indo para o caixa da CSN Mineração e 3,6 bilhões na secundária, sendo destes 3,25 bilhões líquidos para o caixa da CSN e o restante para a saída dos sócios JBMF e POSCO.
A faixa de preço indicativa ficou em 8,50 a 11,35 reais por ação, com o valor de mercado da CSN Mineração variando de 47,52 bilhões no piso a 63,52 bilhões de reais no teto da faixa.
Na sexta-feira, dia 29 de janeiro, começa o período de reserva com encerramento no dia 10 de fevereiro. A empresa irá estrear na B3 no dia 17 de fevereiro, no segmento Nível 2 de governança corporativa com o ticker de negociação CMIN3.
Os recursos da oferta primária deverão ser utilizados para investimentos de expansão e melhorias na operação de suas minas, além da descaracterização das estruturas das barragens de rejeitos. Os recursos da oferta secundária irão para o caixa da controladora CSN para a redução da alavancagem.
E Eu Com Isso?
A CSN (CSNA3) vem ensaiando a estreia do braço de mineração há muitos anos, tido como uma carta na manga para redução do alto endividamento que se arrasta, também, por anos a fio. Recentemente a empresa tem reduzido de maneira acelerada seu endividamento devido ao excelente ritmo de geração de caixa dos segmentos de siderurgia e mineração, com alta dos preços de minério de ferro, o que possibilita aumento de margem.
Acreditamos que o IPO vem em um bom momento, com o mercado internacional buscando ativos de risco para gerar maior rentabilidade em seus portfólios. Vale notar que a empresa apresentou um plano de expansão com foco no longo prazo, com metas interessantes para agregar maior valor para as operações de sua subsidiária. Esperamos um impacto positivo no preço das ações da CSN (CSNA3) no curto prazo.
A CSN Mineração (CMIN) é o ativo de maior rentabilidade dentro da companhia, com operação muito bem organizada, possuindo uma das maiores reservas provadas de minério de ferro do mundo, combinado com o alto teor de concentração de ferro, negociados com prêmio no mercado internacional.
Os projetos de expansão preveem um aumento de capacidade de produção de minério de ferro de 33 milhões para 108 milhões de toneladas ao ano no longo prazo (até 2033), com investimentos em plantas de pelotização que permitem produzir um minério com altíssima concentração da molécula de ferro (Fe), com previsão de alcançar 67 por cento de teor de ferro, atualmente em torno de 62 por cento, que ainda está em um patamar alto em relação ao mercado mundial.
O aquecimento da indústria chinesa a partir do segundo semestre de 2020, com a retomada mais forte dos investimentos por lá, puxou a cotação do minério de ferro do patamar de 90 a 100 dólares para cerca de 170 dólares por tonelada, principalmente de novembro em diante, com um forte rally.
A CMIN, nos primeiros nove meses de 2020 gerou um Ebitda (métrica de geração de caixa potencial da empresa) de 5 bilhões de reais com margem de 55,8 por cento (patamar alto de rentabilidade), com o preço médio de minério em torno de 100 dólares a tonelada com o câmbio médio de 5,30 reais por dólar. No último trimestre do ano, o preço médio de referência ficou em 130 dólares por tonelada, com pouca alteração na cotação do câmbio, o que indica que pode vir um resultado ainda melhor para o 4T20.
O mercado ainda pode encarar o IPO com certo ceticismo, dado o histórico de má gestão do caixa da companhia por seu controlador Benjamin Steinbruch, porém a CSN vem realizando algumas mudanças e melhorias em suas operações nos últimos anos, de modo que conseguiu capturar o ciclo favorável do aço/minério com geração de caixa históricas, com redução de alavancagem acelerada. Acreditamos que a história desta vez tem alguns componentes distintos que favorecem a CSN, com a companhia finalmente colocando sua saúde financeira em rota sustentável no longo prazo.