A Alphabet, companhia de participações dona da Google, anunciou nesta segunda-feira (25) que está tendo avanços significativos em sua nova tecnologia capaz de substituir os “cookies de terceiros”, que costumam ser utilizados pelos anunciantes para rastrear os dados do usuário primário de alguma página na web.
Apesar da reclamação dos anunciantes – visto que deverão perder parte da matéria prima de dados dos usuários para coordenar suas campanhas e direcionar anúncios – a gigante do ramo da tecnologia está determinada em realizar a substituição já no próximo ano.
A nova tecnologia seria capaz de coletar dados relevantes, mas sem a identificação direta. Outros navegadores, como o Safari, Mozilla, eliminaram totalmente os cookies de terceiros nos últimos anos. O Google tenta estabelecer uma solução intermediária.
E Eu Com Isso?
A notícia é marginalmente positiva para a Alphabet. Contudo, o plano de substituir os cookies de terceiros por uma nova tecnologia não é novidade. Logo, esperamos impacto neutro no preço das ações GOOGL e GOOG no curto prazo.
Uma outra questão que coloca “lenha na fogueira” no setor de publicidade online é a possível concentração de mercado advinda do cancelamento dos cookies de terceiros, já que companhias como Google e Apple poderiam privilegiar a divulgação de suas próprias marcas, produtos e parceiros em seus navegadores e aplicativos. Enxergamos um “trade-off” entre proteger os usuários e promover a concorrência online no mercado de publicidade.
Também notamos que a Alphabet vem ajustando suas operações sensíveis aos dados de privacidade dos usuários e a relação deles com seus anunciantes. Na nossa visão é uma forma de tentar conciliar a sua atuação à agenda política/regulatória nos países de centro, cada vez mais atenta ao poder que as gigantes da tecnologia estão exercendo sobre as sociedades.
Apesar da questão vir à tona recentemente, em especial devido ao documentário da Netflix “The Social Dilemma”, as disputas regulatórias contra estas companhias começaram há pelo menos oito anos.
Apesar de o risco ficar mais evidente no caso do Facebook e do Google, Amazon, Apple e até a Microsoft já foram alvo de dos reguladores em diferentes países.
Uma ideia do poder dominante nos mercados de tecnologia: acredita-se que o Google conduz quase 90 por cento das buscas na Internet; 95 por cento dos jovens adultos utilizam algum serviço do Facebook; Google e Facebook absorvem 63 por cento de todo o gasto com publicidade na internet; 75 por cento das vendas de livros eletrônicos são Amazon; 99 por cento dos sistemas operacionais de smartphones são Apple (IOS) ou Google (Android); na parte de computadores, 95 por cento são Microsoft (Windows) ou Apple (macOS).