A Engie Brasil Energia (EBE) tem apresentado um rápido desenvolvimento de seus projetos nos últimos anos, o que fez com que a companhia buscasse oportunidades de expansão de seu portfólio. Dentre as novas oportunidades para crescimento, a Engie encontrou na região nordeste um potencial de ampliação de geração de 500 megawatts (MW) de energia eólica a cada ano.
Segundo o atual presidente da EBE, Eduardo Sattamini, a companhia possui hoje capacidade eólica a desenvolver de apenas 900 MW, desconsiderando Campo Largo 2 (BA) e Santo Agostinho (RN). O projeto de Santo Agostinho, que fechou contrato com a Siemens Gamesa para o fornecimento dos aerogeradores do complexo, já foi iniciado, possui investimento previsto de 2,2 bilhões de reais e terá toda a sua energia direcionada para o mercado livre.
A previsão de fim de subsídios a fontes renováveis é o principal fator causador do aumento dos preços de aerogeradores, uma vez que provoca um avanço na demanda nacional do equipamento por players que querem aproveitar os descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição.
Caso essa dinâmica de mercado comprometa a competitividade da energia eólica, a companhia afirma que projetos de geração fotovoltaica são uma alternativa e que há espaço para crescimento nesse segmento também, visto que o país possui capacidade para adicionar até 1 GW de projetos por ano à sua matriz.
E Eu Com Isso?
A notícia é neutra para o preço das ações da Engie (EGIE3) no curto prazo. Acreditamos que seja acertada e positiva a decisão da Engie de expandir seu portfólio de geração através de projetos eólicos situados no Nordeste. Esperamos maior impacto sobre o preço das ações quando esses projetos forem leiloados e desenvolvidos, visto que variáveis como o preço da energia comercializada, investimento e tempo para conclusão das obras serão determinantes para a TIR desses empreendimentos.
Nossa análise se baseia nos benefícios de diversificação de receitas que serão obtidos pela Engie. De fato, a produção de energia eólica possui uma correlação negativa com a produção hídrica, pois é sazonalmente mais intensa em períodos menos chuvosos. Logo, a adição desses projetos eólicos ao portfólio da Engie vai atenuar o risco hidrológico das usinas hidrelétricas que são majoritárias no atual modelo de negócio da companhia.
Adicionalmente, a decisão de desenvolver esses empreendimentos no Nordeste é correta em função do potencial eólico da região, além de haver sinergias de custos e despesas com os projetos Campo Largo e Santo Agostinho, pois poderá ocorrer compartilhamento de equipes de operação e manutenção e sistemas, por exemplo.
Como riscos inerentes dessa estratégia, apontamos a queda sofrida pelos preços da energia eólica nos leilões dos últimos anos. A concorrência aumentou e, somada à conjuntura atual de juros baixos, pode pressionar a rentabilidade futura desses projetos. A despeito desses riscos, julgamos que a Engie possua conhecimento e experiência para mitigá-los.