Na terça-feira (12) circulou a notícia de uma proposta de compra do Carrefour França pela gigante canadense do varejo Couche-Tard, o que fez as ações do Carrefour saltarem mais de 6 por cento, tanto na França quanto no Brasil (CRFB3).
Na quarta-feira, após o fechamento dos pregões na Europa, o Carrefour França (controladora do Atacadão S.A., o Carrefour Brasil) informou que a proposta é oficial e que está em fase preliminar de análise. O Atacadão S.A. confirmou a informação em fato relevante.
A possível incorporação pela Couche-Tard criaria um conglomerado varejista com receita anual de mais de 150 bilhões de dólares, se tornando a terceira maior do mundo, apenas de Amazon e Walmart, além de diversificar a linha de atuação da companhia canadense que possui hoje 70 por cento da receita em postos de combustível, espalhados pelos EUA e Europa, com o restante sendo gerado pela operação de lojas de conveniência.
A proposta de compra foi feita a 20 euros por ação do Carrefour França, o que equivale a um valor de mercado de 16,3 bilhões de euros, um prêmio em torno de 30 por cento em relação ao preço de fechamento antes da divulgação da notícia. Em dois pregões, as ações do Carrefour França saltaram para 17,54 euros por ação, já fechando a lacuna entre o preço negociado em bolsa e o valor da proposta.
E Eu Com Isso?
A notícia do interesse pelo Carrefour é positiva para as ações do Atacadão S.A. (CRFB3), sobretudo para o grupo controlador, que é composto pela família Moulin, Abilio Diniz e Bernard Arnault (dono da LVMH, maior grupo de varejo de luxo da Europa). Os controladores buscam uma saída para o investimento no grupo, após uma tentativa de reestruturação da empresa há três anos não resultar em valorização de suas ações. Pelo contrário, desde a entrada mais forte de Abílio em 2017, o valor de mercado do grupo na Europa caiu cerca de 20 por cento.
No que tange ao Atacadão S.A., há uma dúvida no mercado se a troca de controle do Carrefour França (dono de 71,6 por cento do Atacadão S.A.) desencadearia o mecanismo de tag along, no qual o comprador do controle necessitaria realizar uma oferta ao restante dos detentores das ações nos mesmos termos da aquisição de controle, cabendo aos detentores da parcela minoritária vender ou não.
Essa dúvida fez com que as ações CRFB3 perdessem o movimento de alta forte durante o último pregão, chegando a uma alta de 7,75 por cento em sua máxima no dia, para um fechamento com alta de apenas 1,9 por cento ao final de quarta-feira (13). Além disso, há um posicionamento contundente do governo francês contra a compra do Carrefour (que é o maior varejista alimentar do país), alegando que o que está em jogo são os empregos e a soberania alimentar do povo francês.
Ainda há a necessidade de acompanhar os desdobramentos da transação, porém em caso de prosseguimento da compra do Carrefour França, o movimento tende a ser positivo também para o Atacadão S.A. (CRFB3), podendo se beneficiar de maneira indireta da expertise dos novos controladores no segmento de conveniência, em plena expansão aqui no Brasil, com a parceria da Femsa e Raízen (com a marca Oxxo nos postos Shell) e Lojas Americanas (LAME4) com a BR Distribuidora (BRDT3) por exemplo.