Segundo informações de mercado, a família Brenninkmeijer, controladora do Grupo C&A, planeja vender a sua parcela remanescente de 65,3 por cento no capital da C&A Brasil (CEAB3), em um movimento semelhante às vendas realizadas recentemente no México e na China.
A varejista holandesa opera em mais de 18 países, sendo a maioria deles na Europa. Este interesse em se desfazer das operações brasileiras reforçam a estratégia da companhia em focar a sua atuação em território “mais próximo de casa”.
A C&A Brasil realizou seu IPO no fim de outubro de 2019. Metade da oferta foi secundária, com os fundos da família controladora (Incas e Cofra) reduzindo a sua participação na companhia de 100 por cento para 65 por cento. Agora, a ideia é se desfazer totalmente do controle e da posição na empresa.
Desde o primeiro fechamento da CEAB3 pós IPO, em 29/10/2019, as ações acumulam desvalorização de 23,7 por cento, enquanto o Ibovespa apresenta perdas de 9,1 por cento. O interesse atual em vender a companhia, mesmo com a desvalorização das ações por conta do contexto pandêmico, indica alguma pressa por parte dos controladores.
Em algum grau, a notícia não chega a ser novidade devido aos recentes movimentos realizados na China e no México e está em linha com a estratégia global da C&A. Além disso e, por um lado, o impacto na composição acionária da CEAB3 poderia ser categoricamente benéfico, com aumento da parcela das ações em livre negociação (free float).
Ademais, um possível novo controlador mais comprometido com a operação da C&A no Brasil poderia acelerar o processo de virada operacional (turnaround) necessário no momento, aumentando a área de vendas com abertura de novas lojas e crescimento das vendas nas lojas maduras, com investimentos no varejo eletrônico da marca.
Já por outro lado, muito provavelmente, o futuro comprador terá que pagar royalties pelo uso da marca no Brasil, o que reduzirá a competitividade da marca. Ou seja, a companhia terá uma despesa que as concorrentes não possuem, fator relevante em especial em um setor como o de varejo de moda, extremamente concorrido e com margens apertadas.
Acreditamos que, no curto prazo, o tom positivo da possível venda deva prevalecer e, por conta disso, esperamos impacto positivo no preço da CEAB3 na sessão desta segunda-feira (19).
O quadro societário da C&A conta com alguns acionistas minoritários “de peso” como a XP Asset, a Verde Asset e o Banco Itaú.
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