A Iochpe-Maxion (MYPK3) apresentou nesta terça-feira (03), após o fechamento do mercado, os seus resultados do terceiro trimestre de 2020. O resultado veio acima de nossas expectativas em termos de receita líquida, Ebitda e prejuízo (esperávamos um prejuízo maior do que o reportado).
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento da receita líquida, impactado principalmente pelo câmbio favorável; ii) redução das despesas operacionais, sem levar em consideração variação cambial e iii) redução dos investimentos programados
Por outro lado, o destaque negativo foi o aumento da relação dívida líquida/Ebitda que atingiu 7x, impactada pela variação cambial e pelos efeitos do COVID19.
A receita líquida da companhia foi de 2,51 bilhão de reais, uma redução de 1,1 por cento na comparação com o 3T19. A variação cambial contribuiu com 527 milhões de reais.
O Ebitda, métrica utilizada para demonstrar o potencial de geração de caixa da companhia, foi de 208 milhões de reais, redução de 37 por cento na comparação anual e margem de 8 por cento, 2,9 pontos percentuais a menos que no 3T19. Importante ressaltar que o resultado foi impactado por fatores não recorrentes, como despesas da reestruturação da fábrica da companhia nos EUA e custos trabalhistas. Retirando essas despesas teríamos um Ebitda Ajustado de 241 milhões de reais com margem de 9,6 por cento.
Por fim, o prejuízo líquido foi de 18,9 milhões de reais uma piora considerável quando comparada ao lucro de 124,8 milhões apresentado no mesmo período.
O resultado da Iochpe-Maxion (MYPK3) foi dentro do esperado, por nós e pelo mercado. Entretanto, esperamos impacto positivo no preço das ações MYPK3 no curto prazo, impulsionado pela entrega de números satisfatórios em meio à crise que se abateu sobre o setor e pela entrega de um plano robusto de redução de despesas e otimização de suas plantas.
A “parte de cima” do resultado veio regular, com i) ligeira redução de receitas em linha com as estimativas e ii) queda na margem bruta, impactada principalmente pelo câmbio desfavorável, que impacta além das matérias primas a remuneração dos funcionários das fábricas que estão no exterior e tem sua remuneração em moeda outras moedas.
A companhia apresentou uma boa redução nas despesas operacionais que tiveram uma redução de 1,3 por cento em reais, excluindo a variação cambial essa redução teria atingindo 21,8 por cento. Entretanto essa redução de despesas não foi suficiente para suavizar os impactos no Ebitda, pois como explicamos acima, alguns itens não recorrentes poluíram os resultados.
Apesar dos números em linha com o esperado, a alavancagem financeira da empresa, que se encontra em 7x a dívida líquida/Ebitda, continua elevada. A empresa conseguiu a renegociação de algumas cláusulas de vencimento antecipado de suas dívidas com alguns credores, porém o cenário continua desafiador.
O cenário turbulento para o mercado de veículos parece ter ficado para trás, com a empresa mostrando recuperação em suas vendas, principalmente nos mercados da América do Norte e da Ásia. Esse cenário um pouco menos negativo com a continuidade na política de redução de despesas e otimização de suas plantas pelo mundo pode trazer algum alívio e acelerar o processo de redução na sua alavancagem, porém como comentamos acima, o cenário segue desafiador.
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