O tão esperado vídeo da reunião ministerial, em que o presidente Bolsonaro supostamente teria deixado evidente sua intenção de interferir na Polícia Federal, foi divulgado na última sexta-feira (22), após o pregão.
Ao contrário das expectativas criadas, não se constatou nada de escandaloso do ponto de vista jurídico – longe da “bala de prata” que poderia trazer maior instabilidade política. Com o mercado já fechado, o índice futuro do Ibovespa e o ETF brasileiro na bolsa de Nova York reagiram positivamente ao vídeo, já que não houve novos elementos que poderiam comprometer o presidente Bolsonaro.
Em termos jurídicos, não houve nada de escandaloso, ou mesmo novo, apresentado no vídeo. Os trechos mais importantes da fala de Bolsonaro estão sob disputa de narrativas possíveis e distintas, ficando longe de serem motivo escancarado que levaria, inevitavelmente, à denúncia do presidente por parte do Procurador-Geral da República, Augusto Aras. Ainda mais porque Aras foi indicado pelo presidente e é alinhado ao governo.
Já do ponto de vista político, o vídeo acabou por reforçar o apoio da base bolsonarista por envolver discursos contra o establishment político. As reações de deputados e senadores também não foram relevantes, ainda mais com a recente aproximação do Planalto com partidos do Centrão político.
Diante de um vídeo que era tratado como chocante, mas que pouco trouxe de fatos novos em relação às acusações do ex-ministro Moro, o Executivo pode ficar tranquilo quanto à possibilidade de maiores complicações políticas. As chances de haver uma denúncia contra o presidente, não havendo novos fatos muito mais fortes na investigação, são bastante pequenas. Nesse contexto, os investidores – que temiam por mais instabilidade política – renovam seus ânimos nesta segunda-feira, no embalo positivo do fechamento da última sexta-feira.
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