Lucros caíram, mas receita permaneceu estável
Três dos maiores bancos americanos – Bank of America, Citigroup e Goldman Sachs – divulgaram seus resultados do primeiro trimestre na quarta-feira (15). Nesta quinta-feira (16) foi a vez do Morgan Stanley. Olhando-se apenas os números da última linha do balanço, os três primeiros meses do ano foram tenebrosos. Os lucros caíram, em média, 45 por cento em relação aos três primeiros meses de 2019. No caso do Morgan Stanley, a queda foi de “apenas” 30 por cento. Porém, um olhar mais atento aos números indica que essa queda dos resultados foi devido ao conservadorismo das instituições financeiras, e não à deterioração de seus negócios.
Apesar das quedas acentuadas dos lucros, a receita operacional desses bancos foi boa. No caso do Bank of America e do Goldman Sachs, a queda foi ao redor de 1 por cento. No caso do Citi, o faturamento aumentou 11 por cento. O pior resultado foi do Morgan Stanley, onde a receita encolheu 7 por cento. O que subiu, mesmo, foram as provisões contábeis. Conservadores, os bancos consideraram arriscados muitos dos empréstimos que têm a receber. No caso do Citi, as provisões subiram 254 por cento. E no caso do Bank of America, elas avançaram 370 por cento, quase quadruplicando.
Os bons resultados não se limitaram aos bancos. O fundo de investimentos BlackRock anunciou um lucro líquido de 6,60 dólares por ação no primeiro trimestre de 2020, superando as projeções de 6,36 dólares por ação. O faturamento também chegou acima das projeções de Wall Street. O BlackRock disse que os mercados vivem “tempos desafiadores” com a epidemia do Covid-19.
Ainda é cedo para saber como vão se comportar os resultados das demais empresas, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. No entanto, a se considerar a primeira leva da safra de balanços do primeiro trimestre, os resultados dos bancos indicam não apenas que o impacto do coronavírus sobre os resultados foi menos terrível do que se esperava, mas permite prever uma retomada mais rápida da economia assim que a pandemia for controlada.
Até os indicadores de desemprego americano deram uma trégua. Na semana até 11 de abril, o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego foi de 5,245 milhões, queda de 1,37 milhões em relação ao número revisado da semana anterior, que subiu dos 6,606 milhões preliminares para 6,615 milhões. Apesar de bastante elevado, o indicador mostra uma estabilidade nas demissões
Ninguém questiona a gravidade da pandemia de coronavírus e seus efeitos danosos sobre as pessoas e sobre as empresas. No entanto, os primeiros números mostram que, apesar das cenas preocupantes e das medidas de contenção, a economia continua funcionando. Na Alemanha, a perspectiva de reabertura parcial do comércio a partir de 20 de abril está fazendo o índice Dax avançar 0,85 por cento. Os contratos futuros de S&P 500 sobem 0,51 por cento, e os contratos futuros de Ibovespa estão acima de 80 mil pontos na abertura, com alta de quase 1 por cento.
INDICADORES – A inflação ao consumidor semanal até o dia 15 de abril medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,34 por cento, queda de 0,04 ponto percentual ante os 0,38 por cento registrados na divulgação anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (16). Houve desaceleração da inflação em duas das oito classes de despesas que formam o índice. No caso dos Transportes, a queda na semana foi de 0,97 por cento, mais ampla que a queda de 0,44 por cento registrada na semana anterior. O destaque foram os preços da gasolina, que caíram 3,68 por cento na semana, após terem recuado 2,07 por cento na semana anterior. Em contrapartida, houve altas de preços nos grupos Alimentação, onde os preços avançaram 1,65 por cento ante 1,60 por cento de alta na semana anterior, e Despesas Diversas, onde os preços subiram 0,34 por cento ante 0,09 por cento na semana anterior.
A incerteza na economia também aumentou. A FGV divulgou uma apuração prévia extraordinária do Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br). A prévio detectou que o IIE-Br subiria para 211,6 pontos em abril, uma alta de 44,5 pontos em relação a março, registrando o maior nível da série histórica. O resultado se seguiria a uma alta de 52,0 pontos em fevereiro. O nível atingido pelo indicador nesta prévia é 75 pontos superior ao registro máximo do IIE-BR antes da atual crise, de 136,8 pontos em setembro de 2015.
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