Texto escrito por João Gabriel Chebante, consultor de marketing
Acredito na beleza oculta que existe no caos. Afinal de contas, é no caos que encontramos as melhores oportunidades para construir uma nova ordem. O ser humano, dificilmente, aprende em boas condições.
Neste sentido, o Brasil é um prato cheio, o que cria uma grande oportunidade para construção de startups.
Como consequência, novos negócios podem despontar, o que vai ao encontro do tema da minha coluna e o seguinte dado vindo de pesquisa da KPMG:
“O volume de negócios em Venture Capital em 2019 deve atingir no Brasil R$ 6,8 bilhões, valor recorde. Há perspectiva que este volume cresça mais de 10% a.a. para os próximos anos. Há, inclusive, o risco real de falta de mão-de-obra técnica para projetos.”
E o que isso tem a ver com o caos?
A não ser que você esteja de férias em local que não tinha internet (parabéns e me indique), o país está envolto num mix de polêmicas e crise em torno das queimadas na Amazônia – que praticamente dobraram em relação ao ano passado, virando um imbróglio político internacional que pode ter desdobramentos comerciais em breve.
E onde as startups entram neste sentido?
Em diversos sentidos.
Grandes oportunidades
Três setores têm as melhores oportunidades do Brasil construir grandes histórias de inovação: Fintechs, Agritechs e Cleantechs.
Deixando a primeira de lado – podemos abordá-las em momento oportuno – as duas últimas caem como uma luva para o momento de crise atual.
Para falar a verdade, não sei como uma associação delas não se agrupou para tomar ações para levar dados, inteligência e práticas para amenizar a crise ambiental que estamos sofrendo no norte do país.
De um lado, somos o grande celeiro do mundo – algumas das nossas principais culturas agropecuárias abastecem boa parte do planeta, além do consumo interno. E ainda somos um país de cultura bastante extensiva, com baixa mecanização e uso de tecnologia em todo ciclo de lavoura (o que, em parte, traz à tona efeitos arcaicos como queimadas para pasto ou plantio).
O desenvolvimento do segmento de Agritechs, basicamente pautado na junção de Agrônomos de faculdades como a ESALQ com Engenheiros da UNICAMP e/ou outros pólos conjuntos do interior já fomentam startups de notório ganho de rentabilidade e produtividade no campo, à medida que o profissionalismo na lavoura também avança.
Dificilmente, não teremos uma procriação de unicórnios deste segmento nos próximos anos, tanto pela qualidade dos profissionais que estamos formando quanto pelo tamanho e potencial de mercado que temos à disposição.
Ao mesmo tempo… Mesmo com que países como o Brasil e os EUA tenham um discurso “aberto” em relação as fontes clássicas de energia, como o petróleo, estatísticas apontam que existe um ponto de não retorno em 2030 em que o custo de energias limpas será fatalmente mais barato que as fósseis e/ou poluentes em largo uso atual. Oportunidades à vista!
Mercado incipiente, mas cheio de valor
Aqui, o Brasil ainda tem uma boa lição-de-casa a ser feita em termos de formação de profissionais e desenvolvimento de tecnologia em relação a outros países – Israel, China e EUA que já contam com startups nascendo dentro de faculdades que estão mudando a forma que entendemos energia solar e eólica, por exemplo.
Mas nenhuma startup poderá contemplar seu plano de crescimento global sem considerar o Brasil como mercado-chave: poucos países têm potencial tão grande de energias renováveis: o melhor mix de incidência de Sol, forças de ventos, rios, mares e consumo de biomassa estão aqui.
É uma janela real de oportunidades em que, novamente, o capital precisa encontrar boas iniciativas.
O que culmina com um tema importante e que vai começar com uma trilha que quero desenvolver junto com você, leitor Levante. Trilha esta que vai desenvolver sua cultura para investimento em startups e, juntos, teremos produtos e serviços para te ajudar nesta jornada.
A tese de investimento: você tem uma para chamar de sua?
O que leva uma empresa a ser investida e outra não? O que você procura numa startup? Ou um fundo de Venture Capital? Como formar o mix oportunidade versus pessoas e soluções?
Aguarde os próximos artigos.