14-Bis e o investimento em startups no Brasil

Texto escrito por João Gabriel Chebante, consultor de marketing

Hoje, começo contando que tenho como uma das minhas paixões, a aviação. Não fui daquelas crianças que tinha o sonho de ser astronauta, mas sempre morei e moro próximo ao Aeroporto de Congonhas. Assim, fui fascinado com o ronco e o desafio do homem em colocar um objeto (muito) pesado voar mundo afora.

Por sorte e orientação, a minha vida tem, em boa parte, a tarefa de voar por aí. Além disso, deve aumentar à medida que minha tarefa nos últimos meses na Sucellos evolua (empresa de inteligência de mercado para investimento em startups, a qual lidero). Como a ideia é orientar o trânsito do capital para as melhores oportunidades em novos negócios no país e na Europa, o que não faltarão são mais voos em minha agenda.

Nesse sentido, falar sobre voos me faz lembrar exatamente de Santos Dumont, o herói da aviação moderna. (Para efeito de análise, não falar dos irmãos Wright. Ninguém estava na praia para ver a trapizonga deles…).

Um dos homens mais inovadores do seu tempo no mundo (primeiro quarto do século XX), foi buscar reconhecimento das suas atividades na Europa – que além do 14-bis e a forma moderna de voar, incluíram a invenção do dirigível e a popularização do relógio de pulso entre os homens com a ajuda de Louis, na França.

Centro da inovação: startups à moda antiga

Não à toa, além da descendência, o país da revolução era o centro do conhecimento científico e intelectual global. Era, também, uma das principais economias da época. O que me leva a alguns questionamentos que farão sentido daqui a algumas linhas:

Quem veria Santos Dumont trafegar um dirigível em Petrópolis?

Qual seria a repercussão de decolar um 14-bis na praia do Flamengo (sem Aterro)?

O que a sociedade carioca diria de um sujeito “maluco” usando relógio feminino em prol de uma maior produtividade em mil novecentos e seis?

Claro, isto também vale para boa parte do capital para ser investido em startups.

Gosto do ecossistema e sou um notório defensor da sua maturação. No entanto, há grandes ondas acontecendo no mercado global de startups que simplesmente não irão acontecer no curto prazo por aqui. Portanto, investidor, se você não se posicionar… simplesmente, poderá perder uma grande chance de colocar uma pequena parte do seu patrimônio trabalhando para virar algo rentável e bem escalável. Alguns exemplos:

Mercados do futuro

Cannabis: para começar já no mais polêmico. Em 2032, é esperado que os EUA e Canadá tenham um mercado de US$ 32 bilhões para THC (uso para lazer) + CBD (medicinal). Por aqui, este mercado só deve começar a aparecer com uma mudança governamental e de ideologia na ANVISA.

Inteligência artificial: ainda que tenhamos derrubado barreiras tributárias, aqui o problema é outro. De fato, faltam pessoas para programar e o exterior está em outro patamar. A quantidade de chips vendidos quase dobrou em quatro anos – e não foi com base em smartphones. O que leva a outro segmento…

Internet das coisas: temos, da mesma forma, uma lacuna notória em relação aos outros países. Além do fato de empresas que adquirem e demandam tecnologia para agregar aos seus produtos. O número de gadgets vai aumentar exponencialmente em dez anos.

HealthTech: ainda que a diferença em relação a outras regiões neste segmento seja menor, a falta de médicos no país impede tenhamos parceria com técnicos (também em carência) para o desenvolvimento de projetos em conjunto.

Mas calma! O cenário aqui não é de terra devastada.

Alguns segmentos no Brasil são referência mundial. Por exemplo, temos diversos casos interessantes de fintechs, agrotechs, e-commerce, marketplaces, plataformas… segmentos que podemos aproveitar tanto o profissionalismo regulatório, quanto a nossa oferta de consumo continental.

Contudo, não podemos deixar de acompanhar o cenário internacional. Lembre que um bom negócio realizado lá fora, tem uma boa chance de ser replicado (com as devidas adaptações), em um mercado ainda maior e com demandas reprimidas como o nosso país. Por exemplo, o fundo e venture builder alemão Rocket Internet tem, no Brasil, um de seus melhores mercados.

Ficarei atento às novidades para não perder a próxima Unilever da Maconha ou da Nvdia para o varejo para contar para vocês.

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