Por incrível que pareça, a poupança ainda é a preferência nacional. Segundo pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), entre os brasileiros que investem, 88% declararam que têm dinheiro na poupança.
Existem vários fatores para isso, que passam tanto pelo fato de ser uma aplicação tradicional e simples quanto pela falta de conhecimento da população em relação a outras opções mais rentáveis e, por vezes, tão seguras quanto a poupança.
Neste artigo, veremos por que você deve perder o medo de sair da poupança. Para isso, vamos entender primeiro como é calculado seu rendimento e, em seguida, mostrar algumas alternativas mais interessantes. Confira!
Como é calculado o rendimento da poupança?
A poupança rende o equivalente a 70% da Selic, que é a taxa básica de juros do país, mais a variação da TR (Taxa Referencial). A TR está zerada há vários anos, de forma que, na prática, a rentabilidade da poupança equivale mesmo aos 70% da Selic.
O Banco Central vem reduzindo essa taxa desde outubro de 2016. Em setembro daquele ano, a Selic estava em 14,25%. Enquanto escrevemos este texto, em fevereiro de 2020, porém, ela está em 4,25%. Isso significa que a poupança deve render apenas 2,975% ao ano.
Além de ser um rendimento muito baixo por si mesmo, o maior problema é que, muito provavelmente, a velha caderneta vai perder da inflação. De acordo com as projeções do mercado divulgadas semanalmente no Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa para o IPCA (índice oficial de inflação) em 2020 é de 3,4%.
Agora, se você aplicar R$ 1.000 na poupança e a taxa de juros permanecer em 4,25%, daqui a um ano você terá R$ 1.029,75. Mas, para ter o mesmo poder de compra que esses R$ 1.000 têm hoje, você precisaria de R$ 1.034, supondo que esses 3,4% da inflação valham para 12 meses. Assim, na prática, aplicar na poupança, com a taxa de juros nesses níveis, é perder dinheiro.
Por que você deveria perder o medo de sair da poupança?
Muitas pessoas se sentem mais confortáveis ao deixar seu dinheiro na poupança por acreditar que é uma aplicação segura, sem grandes oscilações, diferentemente do que ocorre no mercado de ações, por exemplo.
No entanto, precisamos fazer algumas ponderações. Em primeiro lugar, o fato de você ver seu dinheiro “crescer” não significa que você está tendo lucro. Como vimos no tópico anterior, mesmo que nominalmente o valor seja maior, na prática, há redução no poder de compra, ou seja, você vai ter menos dinheiro do que tinha quando fez a aplicação.
Além disso, é preciso deixar claro que existem várias opções de aplicação de baixo risco que rendem mais do que a poupança. Ou seja, você não precisa sair da poupança direto para o mercado de ações. É perfeitamente possível ter uma rentabilidade melhor mantendo-se em investimentos conservadores.
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Quais são as alternativas à poupança?
Como dissemos, é perfeitamente possível ganhar um pouco mais com aplicações de baixo risco. Veja algumas opções.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é um título público no qual você pode aplicar pelo Tesouro Direto, que é um programa do governo voltado para os investidores pessoa física. São oferecidos três tipos de títulos públicos — Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+ —, sendo que o Tesouro Selic é o mais comparável à poupança.
Isso porque sua rentabilidade está indexada à Selic, ou seja, o investidor recebe 100% da taxa. No entanto, existe um ponto de atenção. Os títulos públicos sofrem incidência de Imposto de Renda, o que não acontece com a poupança. A alíquota diminui conforme o prazo da aplicação. Veja abaixo:
- até 180 dias: 22,5%;
- de 180 a 360 dias: 20%;
- de 361 a 720 dias: 17,5%;
- acima de 720 dias: 15%
Assim, para render mais do que a poupança, o dinheiro deve ficar investido por, pelo menos, seis meses. Vamos fazer as contas para comparar. O Tesouro Selic renderá 100% da Selic. Nos patamares de fevereiro de 2020, isso significa 4,25% ao ano. No entanto, é preciso descontar o IR e a taxa de custódia cobrada pela bolsa, que é de 0,25% ao ano.
Se a sua corretora de valores cobrar alguma tarifa, ela também precisa ser descontada. Vamos considerar que não haja custos da corretora. Simulamos um investimento de R$ 1.000 no Tesouro Selic por cinco meses usando a calculadora do Tesouro. Com isso, chegaríamos ao fim desse prazo com R$ 1.011,95, já descontados IR e taxa de custódia.
Para a poupança, pagando 2,975% ao ano (ou 0,2445% ao mês), teríamos, nesse mesmo período, R$ 1.012,28, segundo a calculadora do cidadão do Banco Central.
Agora, quando elevamos o prazo para um ano, já pegamos uma alíquota mais baixa no Tesouro Direto. Nesse caso, já teríamos R$ 1.032,42 para o título público e R$ 1.029,74 para a poupança. Se o dinheiro permanecer aplicado por dois anos ou mais, essa conta fica ainda mais vantajosa para o Tesouro.
Além da rentabilidade maior, os títulos públicos federais são uma aplicação ainda mais segura do que a poupança, uma vez que o risco é o de o governo não pagar os credores, o que é considerado baixíssimo. Outro ponto em favor do Tesouro Selic é que ele tem rentabilidade diária, diferentemente do que ocorre com a poupança, que paga o rendimento apenas uma vez ao mês.
Fundos DI
Os fundos de investimento DI têm sua carteira composta por títulos públicos ou títulos privados com risco semelhante aos dos títulos públicos, ou seja, são aplicações de baixo risco. Seu rendimento acompanha o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que, por sua vez, é muito próximo da Selic.
Assim como o Tesouro Selic, tem rendimento e liquidez diários, o que significa que o investidor pode resgatar seus recursos quando quiser. A tributação também é a mesma dos títulos públicos.
Aqui o principal ponto de atenção diz respeito à taxa de administração. Para não corroer demais o rendimento, a taxa não pode ser superior a 0,2% ou 0,3%. A maioria dos grandes bancos só oferece essas taxas para quem aplica quantias altas, mas já existem no mercado inclusive fundos DI com taxa zero.
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CDBs
Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos de renda fixa emitidos por bancos. Os mais comparáveis à poupança são os pós-fixados, indexados ao CDI. A regra para tributação também é a mesma dos títulos públicos.
Os bancos pequenos e médios costumam oferecer CDBs com rendimentos maiores do que os dos grandes bancos. Em relação ao risco, quanto mais sólido for o banco emissor, mais segura é a aplicação (por isso os bancos pequenos pagam mais), mas os CDBs contam também com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Esse mecanismo garante o reembolso ao investidor de até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira em caso de falência do banco. Isso não elimina, completamente o risco, mas o reduz bastante.
Outro ponto importante é que nem todos os CDBs têm liquidez diária. Em alguns casos, o dinheiro deve permanecer investido até o vencimento do título ou por um período específico.
Agora você conhece boas opções e já pode perder o medo de sair da poupança para buscar alternativas mais rentáveis. É sempre importante conhecer os custos, os riscos e comparar as oportunidades que o mercado financeiro oferece.
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