A XP Inc (XP) apresentou nesta terça-feira (23), após o fechamento do mercado, os seus resultados do quarto trimestre de 2020. A companhia já havia divulgado em sua prévia operacional os principais indicadores do trimestre, o que deveria tornar o resultado mais previsível, mesmo assim acreditamos que os números vieram acima das expectativas, especialmente em termos de lucro líquido, com revisão para cima da previsão (guidance) de margem líquida.
Entre os principais destaques estão o crescimento de 42 por cento na receita líquida em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo 2,4 bilhões de reais no 4T20. O Ebitda ajustado da companhia atingiu 891 milhões de reais no trimestre, representando também um crescimento de 42 por cento em relação ao 4T19. A maior surpresa do resultado foi o crescimento de 73 por cento no lucro líquido do trimestre em relação ao mesmo período de 2019, ajudado por uma alíquota de imposto anormalmente baixa (9 por cento) devido a benefícios tributários do caixa da companhia levantado no IPO.
O principal destaque negativo ficou por conta do aumento de 72 por cento dos custos na comparação com o 4T19, causado principalmente no aumento dos incentivos para manter a base de agentes autônomos da companhia e também pelo mix de produtos menos lucrativos.
O NPS (Net Promoter Score), que fechou o período em 71 pontos, somente 1 ponto acima do 3T20. O NPS mede a satisfação dos clientes com o serviço prestado por determinada empresa e é especialmente importante para a companhia considerando sua estratégia de oferecer uma experiência para seus clientes superior aos grandes bancos.
E Eu Com Isso?
Os números apresentados foram bons, mas acreditamos que o aumento substancial das projeções de margem líquida no médio prazo (3 a 5 anos), para 24 a 30 por cento, divulgado na apresentação de resultados deve ser o principal motivo para um impacto positivo no preço das ações (XP na Nasdaq) no curto prazo.
Um dos grandes destaques da divulgação de resultado foi a criação do cartão de crédito da companhia. Durante a teleconferência de resultados com investidores, os executivos destacaram que o cartão foi utilizado por 50 por cento dos clientes elegíveis, isto é, metade dos clientes que a companhia escolheu na fase de testes. Apesar de ainda não ser um número muito representativo no total, isso já mostra a capacidade de venda de novos produtos em sua base de clientes atual. Somente nos primeiros 23 dias de fevereiro os cartões já haviam totalizado um volume total de pagamentos (TPV) de mais de 100 milhões de reais.
A criação de um portfólio completo de produtos bancários para o fim deste semestre também foi reforçada na apresentação dos resultados. A companhia tem se empenhado em prover uma solução que permita que seus clientes possam cortar os laços com os bancos tradicionais.
Acreditamos que mesmo apresentando boa performance operacional ao longo de todo 2020, as ações da companhia não vêm refletindo a performance operacional. Na nossa visão, parte desse comportamento se deve à cisão entre o banco Itaú (ITUB4) e a corretora. Mesmo com as negociações com o banco terem sido bem-sucedidas em nossa visão, com os acionistas do Itaú recebendo de forma direta ações/BDRs da XP e a eliminação dos direitos preferenciais que o banco possui, ainda há incertezas quanto uma possível venda grande dos papéis logo após a separação.
A XP espera que toda a transação envolvendo o Itaú seja concluída até o final deste semestre, porém o prazo ainda é incerto devido a pendência de aprovação de órgãos reguladores no Brasil e nos Estados Unidos, onde a empresa é listada.