XP Inc. apresenta seu primeiro resultado após IPO
A XP Inc (XP) divulgou na terça-feira (17) o seu primeiro resultado como companhia de capital aberto, após ter realizado o seu IPO em dezembro de 2019 na Nasdaq, em Nova York, onde estão listadas as principais empresas de tecnologia do mundo.
Os resultados apresentados foram sólidos e acima das nossas expectativas em termos de receita e lucro líquido, demonstrando o potencial de crescimento e geração de valor da empresa.
A XP Inc. fechou o ano com 409 bilhões de reais de ativos sob custódia (aumento de 103 por cento na comparação anual) e uma base de clientes ativa de 1,7 milhão, crescimento de 97 por cento em relação a 2018.
O principal destaque positivo foram as outras receitas de 362 milhões de reais provenientes de comissões na divisão de mercado de capitais (ofertas de ações, follow-on’s e IPO’s).
O principal destaque negativo foi a queda do percentual de comissões (take-rate), pois a XP adotou política de zero corretagem na Clear.
A XP já havia divulgado o seu resultado operacional de 2019 em janeiro, com forte crescimento da quantidade de clientes e ativos sob custódia.
Esperamos que as ações da XP tenham uma queda menor ao do índice Nasdaq (a XP tem as suas ações na bolsa americana de tecnologia) e ao Ibovespa no curto prazo. Entretanto, as ações da XP acumulam queda de 53 por cento desde o seu pico em fevereiro (42 dólares por ação).
Recentemente, a empresa tem sofrido por conta de uma acusação de fraude por um escritório de advocacia dos Estados Unidos, prontamente desmentidas pelo presidente Guilherme Benchimol. Além disso, a sua plataforma de negociação tem recebido duras críticas nas últimas semanas. As reclamações vêm de usuários que estavam com dificuldades em realizar operações nos momentos de turbulência dos mercados.
A receita líquida foi de 1,7 bilhão de reais no trimestre, crescimento de 91 por cento comparado ao mesmo período de 2018. A receita líquida totalizou 5,5 bilhões de reais, aumento de 72 por cento, e acima da estimativa Levante de 4,8 bilhões de reais.
Já o percentual de comissões (take-rate), que é calculado pela divisão da receita bruta pelo volume de ativos em custódia, apresentou uma leve queda no ano contra ano, de 1,4 por cento para 1,2 por cento. De acordo com a empresa, isso se deve à estratégia de adotar a política de corretagem zero na corretora Clear e na migração de parte do volume das carteiras de investimento para ações.
Dessa vez a XP conseguiu controlar melhor os seus custos e despesas operacionais, que tiveram aumento de 58,5 por cento em relação ao mesmo período de 2018, bem abaixo do forte crescimento de receita.
Por fim, o lucro líquido ajustado no último trimestre de 2019 foi de 417 milhões de reais, bem acima dos 115 milhões de reais apresentados no mesmo período de 2018. No acumulado de 2019, esse resultado foi 1,07 bilhão de reais, acima da Estimativa Levante, que era de 774 milhões de reais, e bastante superior aos 491 milhões de reais do acumulado de 2018. Além da expansão no número, destacam-se também ganhos na margem líquida: 20,9 por cento em 2019 ante 16,6 por cento em 2018.
Por conta desses dois aspectos e somados à aversão a risco predominante nas últimas semanas, as suas ações estão sendo negociadas a 19,92 dólares, abaixo do seu preço do IPO de 27 dólares por ação e 53 por cento abaixo do seu pico em fevereiro (42 dólares). Sem dúvida, os números divulgados serão uma boa resposta ao mercado diante do cenário adverso.
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