O ministério da Economia revisou para melhor a previsão de déficit primário do governo central para 2020. Anteriormente estimado em 861 bilhões de reais, agora o rombo deve ficar na casa dos 844,6 bilhões, como apontam os novos cálculos do 5º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas – divulgado pelo próprio ministério.
No mesmo documento, as estimativas para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 ficam na casa dos 4,5 por cento, um resultado melhor que a previsão anterior, que era de um encolhimento de 4,7 por cento. A inflação, medida pelo IPCA, saltou de 1,8 por cento para 3,1 por cento. Com o recuo de 16,4 bilhões, o déficit primário deve equivaler cerca de 11,7 por cento do PIB brasileiro. A porcentagem ainda é bastante elevada e o número deve ser, de longe, recorde na série histórica do Tesouro Nacional – evidentemente, o gasto extraordinariamente elevado se justifica por conta da pandemia de Covid-19 e suas consequências.
A título de comparação, a projeção do déficit primário feita pela Instituição Fiscal Independente, do Senado Federal, está em 779,8 bilhões de reais, após revisão divulgada no último Relatório de Acompanhamento Fiscal. O montante anterior era de 877 bilhões de reais, mas a melhora se deu por conta da arrecadação neste terceiro trimestre, nos (inesperados) pagamentos de diferimentos de tributos – já em meados de setembro/outubro – e em um melhor cenário para as receitas públicas também no quarto trimestre deste ano.
Impactos na prática
Com a tendência de menor queda do PIB se confirmando no quarto trimestre, o rombo das contas públicas em 2020 deve ser até menor que a projeção revisada do ministério da Economia. Isso implica diretamente no patamar da relação dívida pública/PIB, que pode ser menor que as estimativas. Essa seria uma boa notícia para o mercado e para a economia.
Com mais uma semana de pouquíssimas notícias vindas do cenário político, o humor dos investidores deve se voltar para outros temas e qualquer novidade de Brasília deve vir por meio de declarações. A agenda legislativa será retomada somente após o segundo turno das eleições, marcado para o próximo domingo.
A perspectiva de resultados melhores nas contas públicas deste ano é levemente positiva para os mercados.