Com o apoio do Republicanos à candidatura de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara, crescem cada vez mais as chances de haver uma reforma ministerial em fevereiro do ano que vem, após o resultado das eleições legislativas, para acomodar os interesses da base aliada do governo.
Com isso, o diagnóstico nos corredores de Brasília é que a disputa entre grupos políticos ligados ao presidente – Centrão, ala militar e ala ideológica – deve se acirrar daqui para a frente. Segundo fontes ligadas ao Planalto, o aceno do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), praticamente lhe conferiu um ministério. Ainda estaria em aberto, contudo, seu destino na Esplanada dos Ministérios – atualmente, cogita-se recriar o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), mas Pereira também poderia assumir a Secretaria de Governo e comandar, assim, a articulação política entre Executivo e Congresso.
A ala ideológica e o Centrão pressionam Bolsonaro para destituir o general Ramos do comando da articulação política. O motivo seria os fracos resultados entregues em votações no Congresso diante de concessões feitas pelo governo. Outras ideias de mudanças, como a recriação do ministério do Planejamento, trocas no ministério da Cidadania e no ministério do Turismo, também vêm sendo estudadas, mas ainda se encontram muito incipientes.
Tanto as mudanças na Esplanada quanto outras grandes decisões, caso da avaliação do governo federal sobre um novo programa social ou mesmo a retomada do auxílio emergencial, dependerão do desfecho nas eleições legislativas marcadas para o início de fevereiro do ano que vem. Até lá, tudo fica em suspenso.
E Eu Com Isso?
Independentemente da dança das cadeiras a ser promovida no início do ano que vem, uma coisa parece certa: ela ocorrerá. Naturalmente, o custo de manter uma coalizão – ainda mais em um Congresso bastante fragmentado – tende a aumentar durante a segunda metade de um mandato presidencial.
Contribui para isso também o fato de que a eleição pela Mesa Diretora da Câmara deverá ser acirrada, tornando muito valioso cada apoio partidário. Nesse contexto, espera-se que o Executivo vá entregar para o Centrão cargos do primeiro escalão da administração pública federal, após resistir na entrega destes até onde pôde.
Nesse momento, interessa mais ao mercado os desdobramentos envolvendo quem vai ser o próximo presidente da Câmara e do Senado do que eventuais custos que essa corrida eleitoral pode trazer. No entanto, uma vez confirmada a recriação de ministérios, deve haver algum impacto negativo nos ativos.