Prejuízo bilionário da Vale, e agora?: resultado superou expectativas. Lá fora, a atenção é com o coronavírus
O velho ditado de que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval há muito perdeu sua validade. Já nos primeiros dias de janeiro os negócios estão a todo vapor. No entanto, o carnaval permanece um período de descompasso entre Brasil e mundo. Por aqui, nada funciona. Lá fora, os mercados operam normalmente, o que oferece aos investidores brasileiros um risco comparável ao que os investidores chineses correm durante o hiato das festividades do Ano Novo Lunar. E, enquanto o País se prepara para rasgar a fantasia ou fugir da folia, lá fora as notícias não dão trégua, e não darão no início da próxima semana.Vale coronavírus
A encrenca começa pelo coronavírus. A contaminação além das fronteiras da China acelerou-se, com a Coreia do Sul anunciando 48 novas infecções, e elevando o total de contaminados para 204. O Japão está no mesmo caminho. Cerca de 80 pessoas já foram testadas positivamente, com duas vítimas fatais. O número de contaminados na China chegou a 75 mil, com cerca de 2.200 mortos.
Essas notícias azedaram o ânimo dos mercados lá fora. O índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 1,1 por cento. O índice japonês Nikkei recuou 0,4 por cento e os índices apresentam leves baixas na Inglaterra e na Alemanha. O mercado futuro de S&P 500 recua 0,3 por cento.
O cenário externo pesado fez o mercado futuro de Ibovespa abrir em baixa de 0,83 por cento, e os prognósticos são de que o mau humor internacional estimule os investidores a zerar suas posições para não passar os feriados correndo risco de solavancos. O dia será negativo para os mercados, no entanto, o cenário para médio e longo prazo é extremamente positivo, o que torna o momento muito propício para comprar ações, afinal, um regra é clara:
Ganha quem compra na baixa e vende na alta!
BRASIL: CONFIANÇA E COMPULSÓRIO. Na manhã desta sexta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou dois indicadores de confiança. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 1,7 ponto em fevereiro, de 98,1 para 99,8 pontos, o mesmo nível de fevereiro de 2019. “Essa melhora das expectativas, no entanto, ocorre em sentido contrário ao dos consumidores, que em fevereiro se tornaram bem mais cautelosos em relação ao futuro próximo, lançando dúvidas sobre a possibilidade de sustentação da atual tendência de alta”, diz Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).
Já o Índice de Confiança da Construção (ICST), também da FGV, recuou 1,4 ponto em fevereiro, para 92,8 pontos. Apesar da queda pontual, o índice regista a nona alta em médias móveis trimestrais, passando de 91,9 pontos em janeiro para 93,0 pontos em fevereiro. O resultado valida as projeções de crescimento do setor para este ano. Prova do aquecimento da atividade foi a alta de 0,35 por cento no Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), percentual superior aos 0,26 por cento de janeiro.
A melhora na confiança segue-se a medidas para estimular a economia anunciadas pelo Banco Central (BC) na quinta-feira (20). O BC liberou 135 bilhões de reais em depósitos compulsórios, que poderão fomentar a concessão de empréstimos a empresas e famílias. Nas medidas, o BC reduziu a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo de 31 por cento para 25 por cento, o que deve liberar 49 bilhões de reais. O BC também reduziu os compulsórios do Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR) dos bancos, que deve injetar outros 86 bilhões de reais o sistema. Neste caso, os efeitos começam em 2 de março. Esses recursos devem ir para o crédito imobiliário, que vem mostrando níveis de atividade superiores aos da média da economia.
–
* Esse conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.
Leia também: Coronavírus chega à Índia e mercados voltam a cair – Primeiro caso foi confirmado