Na noite desta segunda-feira (28), a Petrobras (PETR3/PETR4) anunciou em Comunicado ao Mercado que iniciou o processo de licitação para a ampliação e construção de nova unidade de Hidroprocessamento de Diesel em Paulínia (SP), na sua maior refinaria (Replan).
A Replan possui capacidade de processamento de 69 mil metros cúbicos de petróleo por dia e não está na lista de desinvestimentos da estatal.
As obras visam aumentar em cerca de 10 mil metros cúbicos de processamento, voltado para a produção de Diesel S-10 (baixo nível de enxofre) e também aumentar a capacidade de produção de Querosene de Aviação (QAV).
Em maio, a companhia, já sob nova gestão, lançou um programa batizado de “RefTOP – Refino de classe mundial” que visa um investimento em torno de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) para implementar uma série de melhorias nas 5 refinarias presentes no eixo Rio-São Paulo até 2025, em linha com o plano 2021-25 da companhia.
E Eu Com Isso?
Investir nas refinarias fora da lista de ativos a ser vendidos faz sentido no longo prazo.
Com o repasse de parte significativa da capacidade de refino para a iniciativa privada, as refinarias remanescentes na Petrobras ficariam defasadas caso não recebessem aportes de melhoria e ampliação de capacidade.
Em complemento, a companhia atualmente está com capacidade financeira saudável e suficiente para investir nas refinarias sem grandes problemas de alavancagem, além de ser um dos pontos mais críticos no balanço da companhia: a ineficiência e a defasagem nos ativos de refino, encarecendo os custos de produção.
Enxergamos a notícia como positiva, com impactos limitados no curto prazo, porém em caso de implementação bem-feita, com austeridade e transparência, tem um impacto fundamental na competitividade da estatal.
Um ponto importante a se observar é que, no passado, a Petrobras investiu de forma muito indisciplinada, com desembolsos bilionários em refinarias obsoletas ou incompatíveis com a necessidade econômica de cada região.
Necessário analisar com olhar crítico, para que os investimentos não tenham um viés eleitoreiro.
O setor de refino possui uma necessidade de mão de obra intensa e é um dos setores que mais empregam no país, juntamente com serviços e construção civil.
Dois exemplos claros são a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), inicialmente construída com fins de aumentar a produção de diesel; e a Comperj, no Rio de Janeiro, com propósito semelhante para o diesel e gás natural.
Ambas necessitam de mais investimentos e as obras andaram a passos de tartaruga, gerando obsolescência e depreciação dos ativos antes mesmo de atingir plena capacidade de operação.
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