Na noite desta terça-feira (19), a Petrobras (PETR3/PETR4) divulgou atualizações sobre o processo de venda de participação nas suas refinarias, inclusive dos dois ativos da região Sul, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, e a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. As duas refinarias são disputadas pelas duas maiores distribuidoras de combustíveis do País. A Raízen, com bandeira Shell e subsidiária da Cosan (CSAN3) e a Ultrapar (UGPA3), com a bandeira Ipiranga.
As principais novidades do processo de venda são:
i) Recebimento de proposta vinculante da Ultrapar na Refap, entrando em fase de negociação de contrato de compra/venda;
ii) A Repar em fase de análise das propostas vinculantes;
iii) Fase de recebimento de propostas finais para a Refinaria Landulpho Rodrigues (RLAM – BA), com base nos contratos negociados com o fundo soberano saudita Mubadala.
Além disso, a companhia recebeu propostas vinculantes pela Refinaria Isaac Sabbá (REMAN – AM), Lubnor no Ceará e Unidade de Industrialização de Xisto (SIX), no Paraná.
E Eu Com Isso?
O comunicado mostra o avanço no processo de venda das refinarias pela Petrobras, uma das principais medidas de seu programa de venda de ativos e redução do nível de endividamento. Apesar de positivo, o processo de vendas já vinha mostrando sinais de avanço constante, após a aprovação da venda pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2020, e esperamos um impacto levemente positivo no preço das ações da Petrobras (PETR3/PETR4) no curto prazo, impulsionado pela ligeira alta do preço do petróleo do tipo Brent nesta quarta-feira acima dos 56 dólares por barril.
Esperamos um impacto positivo mais intenso no preço das ações da Ultrapar (UGPA3) no curto prazo, com o mercado agora tendo a confirmação de qual refinaria a companhia tem maiores chances de adquirir. A gaúcha Refap tem maior sinergia com as operações da holding do Grupo Ultra, que tem origem na região Sul e possui operações robustas, permitindo capturar ganhos de escala com a integração das atividades com o segmento de distribuição, como eficiência logística, melhor controle de custos e estocagem de produto, pontos importantes para o negócio de distribuição de combustíveis e onde estão os maiores custos.
Com o início da fase vinculante na Refap, as possibilidades de aquisição da Repar, considerada a joia da coroa das refinarias à venda, se mostram mais favoráveis para a Raízen/Cosan (CSAN3), devido às regras de concorrência do edital que não permitem uma mesma empresa adquirir o controle de mais de uma refinaria na mesma macrorregião geográfica, nesse caso o Sul.
A Petrobras assumiu compromisso com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda de metade de sua capacidade de refino até o fim de 2021, com oito das 13 refinarias sendo colocados para o processo concorrencial.
A pulverização do mercado de refino é positiva para a economia brasileira como um todo, com tendência de melhorar a precificação do combustível no País (componente importante do PIB e da arrecadação de impostos), além de positiva também para a Petrobras (vendedora), com a venda de um conjunto de ativos “pesados” para o seu balanço. Pelo lado da Ultrapar e da Raízen (em caso de conclusão da venda para ambas), a aquisição permitirá um ganho de eficiência e escala, abrindo um novo caminho para o crescimento e investimentos.