A Odebrecht, uma das controladoras da Braskem (BRKM5) juntamente com a Petrobras (PETR3/PETR4), estima que no primeiro trimestre de 2021 retomará o processo de venda de sua fatia de 38,3 por cento do capital da petroquímica. A venda faz parte das obrigações a ser cumpridas em seu plano de recuperação judicial.
O processo de coleta e estruturação de todas as informações necessárias (chamado de “data room”) está em fase de finalização. A Odebrecht mandatou o banco Morgan Stanley para assessorar na retomada do processo de venda da Braskem em agosto deste ano. Em vez de uma negociação exclusiva como a que foi realizada com a petroquímica holandesa LyondellBasell em 2018/19, a transação será por meio de um processo competitivo.
O andamento do processo se dá em meio a ambiente com problemas complexos no lado da Braskem e a divergências nas condições para a venda total do controle da empresa entre a Odebrecht e a Petrobras.
No lado operacional a Braskem enfrenta problemas no México com o impasse na negociação de fornecimento de matéria-prima entre o governo mexicano e a empresa, paralisando as plantas no país. E no Brasil há o problema do afundamento do solo em bairros de Maceió (AL), na região de mineração de sal gema, importante matéria-prima para a Braskem, gerando um montante em reparos de danos e indenizações que supera os 11 bilhões de reais.
E Eu Com Isso?
A retomada do processo de venda é uma sinalização positiva para a Braskem, porém principalmente para a Petrobras, apesar dos conflitos existentes em relação ao método de desinvestimento entre os dois controladores.
A leitura positiva vem principalmente da resolução de conflitos em relação à venda. Em caso de sucesso no desinvestimento da fatia da Odebrecht, a Petrobras ficaria livre para, junto com o potencial novo controlador, realizar a migração da Braskem para o Novo Mercado, destravando valor das ações da petroquímica e facilitando o desinvestimento por parte da estatal. Por isso enxergamos um impacto positivo para as ações BRKM5 e PETR3/PETR4 no curto prazo.
Apesar dos problemas operacionais enfrentados pela Braskem, ambas as situações já estão em vias de uma solução definitiva que, apesar de negativa para a companhia, abre uma maior previsibilidade na avaliação. No México a companhia avalia a importação de 100 por cento do Etano (matéria-prima essencial na operação mexicana) dos Estados Unidos, mesmo que seja mais caro. Já no caso de Alagoas, estão sendo tomadas medidas corretivas e o valor da indenização total praticamente definido (em torno de 11,5 bilhões de reais estimados em provisão) e espera-se a retomada da produção na planta local.
Tirando-se os pontos negativos, o desempenho operacional da Braskem tem sido um dos melhores de sua história, com consolidação da liderança do mercado americano de polipropileno (PP), diversas medidas concluídas resultando na redução de custos e recorde produção e vendas de sua produção, com os preços favoráveis no mercado internacional. Com o fechamento de ontem, o valor de mercado da Braskem está em 17,6 bilhões de reais, muito abaixo de seu pico, na época da transação com a LyondellBasell, que chegou a atingir 48 bilhões de reais.