Se o ano de 2020 desgastou o uso da palavra “desafiador”, 2021 pode ser classificado como o ano das surpresas – e também das decepções. Havia muita expectativa quanto a uma recuperação rápida das economias globais e com o fim da pandemia e a normalização das relações econômicas. Parte disso ocorreu de fato. No entanto, ao longo de todo o ano, os investidores tiveram de conviver com movimentos inesperados dos preços dos ativos.
Talvez o melhor exemplo sejam as cotações do minério de ferro no mercado internacional. O gráfico das cotações deixa constrangidas as mais iradas montanhas-russas. No fim de 2020, a tonelada com 63,5% de teor de hematita estava cotada a US$ 159.
No fim de 2021, as cotações haviam recuado para US$ 112,5, uma queda de cerca de 30%. Parece o retrato de um ano relativamente sossegado. No entanto, no meio do caminho, em maio, as cotações chegaram a US$ 229, recorde histórico. E em novembro haviam caído para US$ 79, mínimo em 16 meses. Ou seja, em pouco mais de seis meses houve duas alterações abruptas nas expectativas para com a economia, refletidas nas cotações de uma das principais commodities.
Por aqui, os preços também foram difíceis de prever. O ano começou com otimismo quanto ao Ibovespa. Porém, até o pregão da quarta-feira (29), a queda acumulada no ano foi de 12,5%. Nenhuma das aplicações financeiras – ações, juros ou dólar – superou a inflação. O IGP-M de 2021 cravou 17,78%. E o IPCA em 12 meses até novembro está em 10,74%. Mesmo com toda a volatilidade, o real se depreciou pouco menos de 9% em relação ao dólar.
Tudo isso, porém, é passado. O que esperar para o ano que se inicia? Segundo os analistas da Levante Ideias de Investimentos, não será um período fácil. A retomada em “V” da economia, que se anunciava no começo do ano, ocorreu de fato. Porém, o que se seguirá a ela será, muito provavelmente, uma desaceleração das atividades.
A causa disso é, principalmente, o desequilíbrio das contas públicas. O arcabouço fiscal se deteriorou ao longo do ano, com as sucessivas manobras do Congresso e do próprio Executivo para romper o teto de gastos. Na ponta do lápis, o desempenho fiscal foi marginalmente melhor do que se esperava. Porém, isso ocorreu mais pelos defeitos do governo do que por suas qualidades. O que aliviou o desequilíbrio fiscal foi a alta da inflação, que ajudou a arrecadação fiscal.
O subproduto dos gastos públicos, a inflação, tornou-se um problema mais grave. Durante os anos de equilíbrio fiscal, o dragão permaneceu dormindo em sua caverna. No entanto, com as despesas descontroladas, a alta de preço passou a ser mais estrutural e menos conjuntural. Como se não bastasse, o ano que se inicia terá, de novo, uma eleição presidencial extremamente polarizada. E, no Brasil, polarização quer dizer populismo econômico, tudo o que os investidores não querem ouvir.
Isso vai exigir a volta da aplicação de um remédio amargo, a forte alta dos juros. A taxa Selic iniciou 2021 a 2% ao ano e encerrou a 9,25% ao ano. As projeções do Relatório Focus indicam que esse percentual pode chegar a 11,50% durante o primeiro semestre, e só deverá retornar à casa de um dígito em 2023.
Essa prescrição desacelera a economia, deprime a geração de empregos e torna mais desafiador (para usar a palavra de 2020) encontrar boas alternativas de investimento, tanto na renda fixa quanto na bolsa. Mas, para isso, você pode contar sempre com os especialistas da Levante Ideias de Investimentos.
Nós temos um encontro marcado no primeiro dia de 2022. Não perca.
E Eu Com Isso?
A última sessão do Ibovespa de 2021 começa com uma leve alta, seguindo um movimento suave de valorização em Wall Street. O pregão deve ser volátil e com liquidez reduzida.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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