A semana encurtada pelo feriado será marcada por dois eventos ligados a bancos centrais, ambos agendados para a quarta-feira (03). No Brasil, devido ao feriado de Finados na terça-feira (02), a Ata da reunião mais recente do Copom (Comitê de Política Monetária) será divulgada no dia 3, logo cedo. E na mesma quarta-feira se encerra a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), o Copom americano, seguida pela esperada entrevista de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.
Em geral, eventos sem surpresas, as duas declarações – a Ata do Copom e a entrevista de Powell – serão cruciais para orientar os investidores com relação à política monetária no ano que vem, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Começando pelos Estados Unidos. As expectativas com relação aos juros americanos estão cristalizadas na manutenção das taxas perto de zero. Powell, porém, já tem declarado que poderá rever essa posição caso a inflação por lá permaneça consistentemente acima de 2% ao ano durante um período razoável em 2022.
No entanto, o que interessa mesmo aos investidores é saber como será o ritmo de redução da injeção mensal de dinheiro na economia americana. Em abril do ano passado, para conter os efeito da pandemia, o Fed começou a comprar US$ 120 bilhões todos os meses em títulos públicos e hipotecários para injetar dinheiro no sistema.
Powell já deu a entender que essa ajuda deverá se encerrar no primeiro semestre do ano que vem, e a expectativa dos investidores é que, em sua entrevista coletiva, ele indique qual será o ritmo desse encerramento, se mais concentrado no início ou no fim do primeiro semestre.
A solução dessa dúvida terá um impacto forte sobre a trajetória dos juros e do dólar nos mercados globais, influenciando também os preços dos ativos brasileiros.
Já com relação ao Copom (Comitê de Política Monetária), a trajetória dos juros já é conhecida até o fim deste ano. No Comunicado divulgado após a reunião em que elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, para 7,75% ao ano, o Comitê antecipou outra elevação semelhante na reunião agendada para dezembro. Com isso, a Selic deve encerrar 2021 a 9,25% ao ano.
As dúvidas são com relação ao comportamento dos juros no ano que vem. Apesar de no Comunicado o BC indicar uma expectativa de juros em 9,75% em 2022, o prognóstico da edição mais recente do Relatório Focus espera juros ainda mais altos.
A razão para isso é a expectativa de alta da inflação. No Comunicado, o Comitê elevou a inflação prevista para este ano para 9,5% ante os 8,5% da reunião anterior. Aumentou a projeção da inflação de 2022 para 4,1% ante os 3,7% anteriores. E revisou drasticamente os prognósticos para a inflação dos preços administrados, que incluem itens como as tarifas de energia. A projeção para 2021 subiu de 13,7% para 17,1%.
Relatórios Focus
A primeira edição do Relatório Focus de novembro indica uma forte alta nos juros projetados para 2022, seguindo-se à decisão do Copom de elevar a Selic em três pontos percentuais entre o fim de outubro e o início de dezembro. Agora, a Selic prevista para dezembro de 2022 subiu de 9,50% na edição anterior para 10,25%.
Para comparar, a projeção há quatro semanas era de 8,50%. A inflação prevista para o ano que vem avançou para 4,55% ante 4,40%, e o prognóstico de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) encolheu de 1,40% para 1,20%.
E Eu Com Isso?
A semana começa com altas nos contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500, com os investidores animados pelos bons resultados corporativos.
Por aqui, o volume deve ficar abaixo da média devido ao pregão espremido entre o fim de semana e o feriado.
As notícias são positivas para a bolsa.
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