Levante Ideias - Banco Central

O Copom está pessimista

A Ata da 243ª Reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã desta terça-feira (14) mostra que o BC (Banco Central) está pessimista com relação à inflação. Logo no início, o texto adverte que “no cenário externo, o ambiente se tornou menos favorável”. Isso ocorreu por dois motivos. O primeiro foi que os bancos centrais das “principais economias” (leia-se Estados Unidos) “expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes.” O segundo foi o surgimento da variante Ômicron do coronavírus.

No caso do Brasil, além de a retração de 0,1% no PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre ter sido menor que o previsto, os índices de confiança para o quarto trimestre mostram deterioração. Assim, o Copom revisou para baixo sua expectativa de crescimento.

O cenário para a inflação também está mais complicado. “A alta nos preços dos bens industriais ainda não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou, refletindo a gradual normalização da atividade no setor, dinâmica que já era esperada.”

Com isso, as projeções de inflação se aceleraram. As expectativas do Relatório Focus para 2022 subiram de 4,4% para 5,0%. E as previsões para 2023 avançaram de 3,3% para 3,5%. E as projeções do Copom também subiram. A inflação prevista para 2022 avançou de 4,1% para 4,7%, e a expectativa para 2023 subiu de 3,1% para 3,2%.

Isso justifica uma política monetária mais apertada. A Selic prevista para o fim de 2022 subiu dos 9,50% na Ata anterior para 11,25%. A projeção para o máximo da Selic no ano que vem subiu exatos dois pontos percentuais, avançando de 9,75% para 11,75%. E a projeção da Selic para 2023 também subiu, avançando de 7% na Ata anterior para 8%.

A causa de tudo isso é o mau comportamento fiscal do governo. “O Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos”, diz o texto. “[A]s projeções de inflação estão acima da meta para 2022 e ao redor da meta para 2023.”

Por isso, “o Copom concluiu que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico por todo o horizonte relevante”.  E o texto considera que “diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista.”

Após debaterem o assunto, os membros do Copom concluíram que “o ritmo de ajuste de 1,50 ponto percentual, neste momento, é adequado para (…) garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, mas também consolidar a ancoragem das expectativas de prazos mais longos.”

Conclusão: o Copom permanecerá tentando ancorar as expectativas de inflação usando a receita clássica de contrair a demanda por meio da alta de juros. Com as consequências que todos conhecem: desaceleração da economia e pressão sobre os preços das ações das empresas dos setores mais pró-cíclicos.

Indicadores

O setor de serviços recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, segunda taxa negativa consecutiva, acumulando uma retração de 1,9% em dois meses. Com o resultado de outubro, o setor ainda ficou 2,1% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro do ano passado, mas está 9,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgada nesta quarta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

E Eu Com Isso?

Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia com uma leve alta, mantendo a trajetória de valorização registrada ao longo dos últimos pregões, enquanto os investidores esperam o resultado da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, que deverá terminar na quarta-feira (15).

As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.

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Leia também: Copom eleva Selic a 9,25% ao ano, maior patamar em quatro anos.

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