Três indicadores, um divulgado na quinta-feira (26) e outros dois na manhã desta sexta-feira (27) mostram sinais de que a economia não vai tão mal quanto alardeiam os profetas do apocalipse. Pela ordem. Na quinta-feira, ministério da Economia divulgou o balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrando o melhor resultado para um mês de outubro desde 1992. No mês passado, a economia brasileira criou cerca de 395 mil vagas com carteira assinada. Foi o quarto mês consecutivo de saldo positivo. Com isso, o total de empregos com carteira no Brasil chegou a 38,6 milhões, o que representa aumento de 1,03 por cento em relação a setembro
Na manhã desta sexta-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de novembro. O IPG-M registrou uma inflação de 3,28 por cento em novembro, percentual superior aos 3,23 por cento de outubro. O índice acumula alta de 21,97 por cento no ano e de 24,52 por cento em 12 meses. Em novembro de 2019, o IGP-M havia subido 0,30 por cento e acumulava alta de 3,97 por cento em 12 meses.
A alta de preços continua se concentrando no atacado. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 4,26 por cento em novembro, ante 4,15 por cento em outubro. Já os demais componentes do IGP-M seguem bem comportados. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou para 0,72 por cento em novembro ante 0,77 por cento em outubro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também desacelerou, recuando para 1,29 por cento em novembro, ante 1,69 por cento no mês anterior.
Também na manhã desta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a taxa de desemprego no terceiro trimestre. A taxa chegou a 14,6 por cento, uma alta de 1,3 ponto percentual na comparação os 13,3 por cento do trimestre anterior. Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país.
Por que a alta de inflação e do desemprego são boas notícias? Começando pela inflação. Segundo a FGV, o que vem puxando a alta do IGP-M são os preços das commodities agrícolas. Por exemplo, o preço do milho, que avançou 21,85 por cento ante 10,95 por cento em outubro, e o da carne bovina, o trigo, que subiu 7,40 por cento ante 6,92 por cento em outubro. Vale lembrar, itens importantes na pauta de exportações do Brasil. Assim, a alta internacional desses preços garante um fluxo de divisas para o Brasil, impedindo a alta do dólar, o que é bom para a economia.
O aumento do desemprego também é uma boa notícia, embora não pareça à primeira vista. Vale uma explicação rápida: considera-se desempregado (ou desocupado) o cidadão que sai de casa para procurar emprego e não encontra. Aquele que não está trabalhando e não está procurando trabalho não é, tecnicamente, um desempregado. E a alta do desemprego ocorreu exatamente porque, com o relaxamento das medidas de isolamento social no terceiro trimestre, mais brasileiros se animaram a buscar trabalho. Não por acaso, o dado mais recente – o Caged de outubro – mostra uma criação recorde de vagas.
Assim, tanto a alta dos preços quanto o aumento da taxa de desemprego são boas notícias. Mostram que a economia está aquecida, e que a recuperação econômica deve chegar mais cedo do que alardeiam os pessimistas.
Impactos na prática
Apesar da liquidez internacional ainda reduzida devido ao funcionamento abreviado em Wall Street, os contratos futuros de Ibovespa iniciam a última sessão da semana com leve alta e acima de 110 mil pontos, indicando uma sessão positiva para as ações.