Após um 2020 marcado pelas incertezas diante da pandemia, com um único leilão de transmissão realizado em dezembro, o primeiro semestre de 2021 se encerra com mais três licitações agendadas para junho, marcando a retomada de projetos.
Para essa sexta-feira (25), estão no radar a licitação da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá) e os leilões A-4 e A-5, que possuem como finalidade a contratação de energia gerada por termelétricas.
Para quarta-feira (30), está previsto o primeiro leilão de transmissão do ano, com cinco lotes de investimentos, avaliados em R$ 1,3 bilhão.
Para esta sexta a estimativa é que a distribuidora amapaense seja vendida pelo preço mínimo de R$ 50 mil. Isso porque a CEA encontra-se extremamente deficitária, com o vencedor do leilão herdando dívidas de mais de R$ 1 bilhão.
Além disso, a companhia exige investimentos elevados. O edital do leilão requer que o comprador realize um aumento de capital de R$ 400 milhões.
Ademais, a distribuidora se encontra em uma área de concessão isolada, o que pode dificultar ainda mais a realização desses investimentos.
Os leilões A-4 e A-5 representam o retorno da contratação de energia para o mercado regulado, com o objetivo de permitir que as distribuidoras façam a reposição de contratos com outras térmicas que estão perto do vencimento.
Neles, serão negociadas a compra de energia de térmicas a gás natural e carvão, com início de fornecimento em 2025 e 2026.
Para quarta-feira (30), serão ofertados cinco lotes para construção e manutenção de 515 quilômetros de linhas de transmissão, espalhados em seis estados (AC, MT, RJ, RO, SP e TO).
E Eu Com Isso?
Uma das últimas estatais no segmento de distribuição, o arremate da CEA traz uma oportunidade de consolidação para as companhias com atuação próxima à região.
Esta, no entanto, encontra-se em um quadro desafiador, com dívidas elevadas e área de concessão complexa.
Apesar do cenário adverso, duas potenciais candidatas já sinalizaram interesse pela aquisição, sendo estas a Equatorial Energia e a Oliveira Energia.
A Equatorial tem um track record de sucesso com antigas estatais, como a paraense Celpa e a maranhense Cemar.
Mesmo assim, ainda que haja um plano de recuperação bem orquestrado, entendemos que o espaço para geração de valor é limitado, demandando altos investimentos para realizar um turnaround bem-sucedido na CEA.
Dessa forma, esperamos uma reação neutra para as ações da companhia (EQTL3) caso arremate a distribuidora. Acreditamos que os investidores devem ser mais céticos nesse caso, aguardando os primeiros resultados de turnaround para reprecificar a ação, se for o caso.
Vale ressaltar que o preço pago para aquisição da CEA também é decisivo para a reação da ação, pois, se houver exagero por parte da Equatorial, o que não é provável, o mercado poderia penalizá-la.
No caso dos leilões A-4 e A-5, a expectativa é que a disputa não seja acirrada, com os geradores negociando volume de contratos inferior à oferta cadastrada, de 40 gigawatts (GW), com as distribuidoras declarando baixa necessidade de contratação para os próximos anos.
Além de estarem com sobras contratuais em seus portfólios, esse movimento também é reflexo do crescimento do ambiente de contratação livre (ACL), que diminui o tamanho do mercado regulado.
No caso do leilão de transmissão, a expectativa é que este atraia grandes operadores do setor elétrico, caso da Energisa (ENGI11), Isa Cteep (TRPL4) e Grupo Mez Energia, grande ganhador do leilão de 2020.
A expectativa também é que a disputa seja bastante acirrada, com o último leilão marcado por grandes deságios, limitando os ganhos das companhias vencedoras.
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