A terça-feira será um marco no mercado de criptomoedas. Foi quando entrou em vigor o ousado projeto do governo de El Salvador para transformar o Bitcoin na moeda nacional.
Agora, o presidente Nayib Bukele, um publicitário e influenciador digital de 40 anos que foi eleito em 2019 por uma coalizão conservadora, está apostando todas as fichas no Bitcoin.
Além de economizar cerca de US$ 400 mil por ano em custos de remessas, a mudança poderá injetar vitalidade na economia local.
El Salvador, o menor país da América Central, com uma população de 6,5 milhões de habitantes, é pobre. Desde 2001 não há moeda nacional. As transações são realizadas usando dólares. O país foi devastado por 12 anos de guerra civil, entre 1980 e 1992, e ainda há marcas do conflito.
Cerca de 20% dos recursos em moeda forte recebidos por El Salvador vêm das remessas internacionais das centenas de milhares de pessoas que emigraram durante o conflito, mudando-se para o México ou para os Estados Unidos. As principais exportações são café, açúcar e, em menor escala, tecidos e papel higiênico.
O governo já instalou caixas automáticos para que os salvadorenhos movimentem seus Bitcoins e criou uma carteira virtual, denominada Chivo Wallet.
No espanhol local, “chivo” é uma gíria para “legal”. Com a Chivo, cada habitante recebeu um crédito de US$ 30 em Bitcoins, uma quantia relevante tendo em vista que o PIB (Produto Interno Bruto) per capita é de US$ 8,7 mil por ano.
A decisão movimentou o mercado. Na véspera da legalização, El Salvador havia adquirido 200 Bitcoins. A demanda foi tão forte que o governo teve de dobrar a meta no dia seguinte e comprar mais 400 unidades da criptomoeda, em um investimento total de US$ 28 milhões.
No primeiro dia de vigência das medidas, as cotações recuaram cerca de 15% devido a problemas na criptografia e nas transações.
A entrada rápida de tanta gente no blockchain provocou instabilidades na rede, o que derrubou os preços do Bitcoin e de muitas outras criptomoedas.
A medida é corajosa e representa mais um passo na evolução do Bitcoin. Minerada desde 2008, a criptomoeda há tempos não está mais restrita a nichos tecnológicos e a transações na internet.
Porém, sua adoção por El Salvador é o avanço mais radical. A adoção das moedas digitais segue em alta desde 2020.
Segundo a empresa de análise de dados para redes blockchain Chainalysis, alguns países como a Índia, Paquistão e até o Vietnã registraram um aumento de 881% no interesse por ativos digitais.
Se a experiência salvadorenha der certo, nações pobres da África e da Ásia podem fazer o mesmo, facilitando a integração de suas economias com o restante do mundo.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros do Ibovespa iniciam o último pregão da semana em alta, mantendo a trajetória registrada no fim do pregão da quinta-feira (09), quando a distensão no conflito entre Executivo e Judiciário desanuviou os ânimos dos investidores.
As notícias são positivas para o mercado.
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