O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não poupou críticas à condução da política econômica feita pelo governo, principalmente no que se refere ao ano de 2020. Segundo o deputado, que vai se preparando para deixar o comando da Casa e deve indicar o nome de seu candidato sucessor ainda hoje, o Planalto escolheu correr sérios riscos ao deixar a votação da PEC Emergencial para 2021.
Ainda, Maia comentou que o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) propôs uma solução alternativa para votar os gatilhos sobre o teto de gastos, por meio da inclusão destes em um projeto já em tramitação na Casa. Maia, contudo, admite que as chances da manobra parar no Supremo Tribunal Federal seriam altas. “A desorganização de não votar a PEC vai criar a necessidade de se pensar um caminho mais heterodoxo”, afirmou o presidente da Câmara.
O democrata também ressaltou a má relação que teve com o Executivo e disse esperar que o próximo presidente da Casa mantenha a independência em relação ao governo e que “não seja tratado da mesma forma” que o atual presidente. Por fim, não poupou críticas ao ministro Paulo Guedes, cuja atuação, segundo Maia, é de prometer muito e entregar pouco. Para o deputado, o governo continua sendo um deserto de ideias e a pandemia somente agravou a situação.
E Eu Com Isso?
Evidentemente, o presidente da Câmara vai demarcar, nesse próximo mês, suas diferenças com o governo federal de forma mais clara, uma vez que o pano de fundo das eleições legislativas está dado e representa, novamente, uma disputa entre ele e o Planalto.
No entanto, Maia carrega consigo alguma dose de razão ao criticar a condução da agenda legislativa do Executivo neste ano. Em que pese o advento da pandemia e todas suas complicações, as reformas econômicas ficaram de lado e ainda falta um norte mais concreto para o quadro fiscal brasileiro. O próprio mercado já compreende essa situação e tende a ser menos paciente a partir de 2021. Para o pregão de hoje, as expectativas ficarão em torno do nome para a eleição da Câmara, que deve concorrer pelo bloco de Rodrigo Maia.