O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou o resultado do quarto trimestre de 2020 nesta segunda-feira (1), após o fechamento do mercado. O resultado foi bom, em linha com o esperado pelo mercado, com crescimento sequencial de lucro em relação aos outros trimestres, porém com lucro de 2020 ainda 35 por cento abaixo de 2019. O lucro líquido ajustado da companhia atingiu 5,39 bilhões de reais, aumento de 7,1 por cento em relação ao terceiro trimestre, mas ainda 34,6 por cento abaixo do mesmo trimestre do ano anterior.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 16,1 por cento no trimestre, uma melhoria em relação ao 3T20 (15,7 por cento). O indicador caiu muito no 1T20 e mostrou uma evolução gradual em todos os trimestres subsequentes, mas ainda muito abaixo do ROE visto em 4T19 de 23,7 por cento.
A provisão para devedores duvidosos, conhecida como PDD, também teve melhora sequencial, com queda de 11,0 por cento em relação a 3T20. O banco atribui essa queda à melhora do rating dos clientes do atacado e a menor necessidade de provisão para o banco de varejo. Olhando o ano de 2020 como um todo, a PDD aumentou em 52,1 por cento em relação ao ano anterior, atingindo 29,9 bilhões de reais devido ao impacto causado pela crise do COVID19.
A carteira de crédito teve um aumento de 2,7 por cento em relação ao trimestre anterior e atingiu 869,5 bilhões de reais, um crescimento de 20,3 por cento em comparação com o 4T19, impulsionado pelo segmento de pessoas físicas que cresceu 7,5 por cento no trimestre. A inadimplência acima de 90 dias teve leve oscilação em relação ao trimestre anterior, subindo de 2,2 por cento em 3T20 para 2,3 em 4T20.
A margem financeira do banco cresceu 3,9 por cento em relação ao terceiro trimestre, alcançando 17,6 bilhões de reais, o número foi positivamente impactado pelo aumento no volume de crédito.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que o resultado do 4T20 do Itaú pode ser considerado neutro para o preço das ações (ITUB4) no curto prazo. A primeira conferência com investidores liderada pelo novo CEO do banco, Milton Maluhy, deverá ditar o comportamento do preço das ações, com mais informações sobre o fato relevante divulgado na manhã desta terça-feira sobre as previsões (guidance) 2021.
O resultado não trouxe surpresas e veio em linha com o esperado confirmando uma recuperação gradual para o setor de bancos.
Vale destacar que esta terça-feira (2) marca a troca do comando do banco, com a saída de Candido Bracher como CEO e o início da gestão de Milton Maluhy, atual CFO. Esperamos que no call de resultados realizado nesta terça (2) pela manhã o novo CEO possa dar mais visibilidade para o mercado em geral sobre a estratégia do banco.
Após subirem mais de 40 por cento nos últimos 3 meses de 2020, as ações do Itaú (ITUB4) acumulam queda de 7,8 por cento em 2021, comparado à desvalorização de 1,3 por cento no Ibovespa no período.
O resultado trouxe outros pontos interessantes para o banco, a receita de serviços apresentou queda de somente 0,2 por cento em 2020, se mostrando uma linha estável, com destaque para a receita com assessoria econômico-financeira e corretagem, que teve um crescimento de 45,3% em relação a 2019.
Um destaque do resultado de 2020 foi o controle de custos da companhia, com redução em praticamente todas as linhas de despesas não decorrentes de juros, mostrando o foco do banco em se tornar mais eficiente.
A maior linha de despesa, a despesa com pessoal, teve redução de 3,5 por cento em relação a 2019, atingindo 21,4 bilhões de reais. No 4T20 o banco também fechou 95 agências e PABs (postos de atendimento), totalizando o fechamento de 167 agências e PABs em 2020.
A companhia também divulgou em fato relevante junto com o resultado a aprovação da distribuição de lucros referente ao exercício de 2020 no valor de 0,14 reais por ação, a forma da distribuição, dividendos ou JCP, ainda não foi definida. Considerando os montantes pagos e com pagamentos já aprovados, o banco distribuiu 25 por cento do seu lucro líquido em 2020.
Entre os catalisadores para as ações do Itaú (ITUB4) estão a retomada mais acelerada da economia brasileira e a conclusão do processo de cisão com a XP e consequente re-precificação da ação considerando somente os fundamentos do banco, este último com prazo de 120 dias a partir de 1 de fevereiro para ser concluído.
Acreditamos que o novo CEO da companhia deve focar no processo de transformação digital do Itaú. Enquanto outros players, como o Bradesco (BBDC4), tentam criar um banco digital separadamente, o Itaú investe em se tornar mais ágil e operar de maneira mais parecida com as fintechs.
Na manhã desta terça-feira (2) a companhia também divulgou suas projeções (guidance) para 2021, com previsão de crescimento nos principais indicadores. A companhia espera atingir uma margem financeira superior à vista em 2019, além de uma continuidade na expansão da carteira de crédito de 5,5 a 9,5 por cento em relação a 2020. Outro destaque do guidance é a expectativa de redução do custo de crédito para até 24,3 bilhões de reais, o que representaria uma redução de 19,5 por cento na comparação anual.
Acreditamos que o guidance veio forte e deve ter impactos positivos não só nas ações do Itaú (ITUB4), mas em todos os grandes bancos. Tanto o Santander (SANB11) e o Bradesco (BBDC4) também irão divulgar resultados nesta semana.