A Hypera Pharma (HYPE3), uma das líderes no mercado farmacêutico brasileiro, anunciou em Fato Relevante a aquisição de 12 marcas de medicamentos, com e sem necessidade de prescrição, do laboratório francês Sanofi.
As marcas envolvidas na transação possuem operações no Brasil, no México e na Colômbia.
Os produtos adquiridos fazem parte do segmento de Consumer Health, com foco de vendas no varejo farmacêutico, e incluem nomes como AAS (analgésico), Cepacol (antisséptico bucal), Buclina (estimulante de apetite) e Hidantal (tratamento de epilepsia).
O valor da transação foi fechado em US$ 190,3 milhões ou cerca de R$ 1 bilhão considerando o último fechamento de câmbio (real/dólar) de R$ 5,17.
Segundo a companhia, a transação faz parte da estratégia para “fortalecimento de sua presença no mercado brasileiro por meio de produtos de alto potencial de crescimento”.
Além do contrato para a aquisição, a Hypera celebrou um acordo de fabricação e fornecimento, por meio da qual a Sanofi continuará a fornecer os produtos adquiridos pela Hypera pelo período de 3 anos, com provável período de adaptação e transferência de informações de produção, entre outros processos, para completar o movimento.
A Hypera realizou aquisições importantes no ano de 2020, incorporando ao seu portfólio medicamentos de amplo conhecimento do público, como toda a linha Buscopan e alguns produtos da farmacêutica Takeda, desembolsando mais de R$ 4 bilhões nas duas transações.
E Eu Com Isso?
A companhia se encontra em momento de expansão de seu parque fabril e aceleração dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, de modo que as aquisições fazem parte da estratégia de preenchimento da capacidade produtiva, além de uma maior geração de caixa por meio de marcas/produtos que possuem maior apelo comercial, por terem uma melhor penetração e conhecimento do público consumidor.
Enxergamos um impacto positivo no curto prazo nas ações da companhia (HYPE3) com a notícia da aquisição, por estar incluindo em seu portfólio produtos que podem se beneficiar largamente dentro da estrutura da Hypera, gerando sinergias importantes na frente comercial e aumentando o volume de vendas pelo alcance detido pela companhia no país.
A Hypera aumentou sua alavancagem financeira (relação Dívida Líquida/Ebitda) para acima das 3 vezes após as aquisições recentes e vai desembolsar mais R$ 1 bilhão, aumentando a cifra da alavancagem para acima das 4 vezes em relação ao resultado gerado nos últimos 12 meses.
Por um lado, a alta alavancagem financeira é malvista pelo mercado, indicando um aumento de risco para companhias que “erram a mão” no uso do capital.
Porém, a Hypera é uma companhia com margens fortes, atuando em mercado bastante resiliente e com facilidade no repasse de preços.
Além disso, a companhia está agregando produtos já conhecidos e com potencial de expansão no volume geral de vendas, de modo que rapidamente deve recuperar o caixa despendido nas transações recentes.
Enxergamos as ações da companhia ainda descontadas em relação aos resultados que as aquisições recentes em seu balanço.
A companhia teve uma leve compressão de margens, mesmo com forte crescimento de receita com a incorporação dos ativos do Buscopan e Takeda, porém ainda há bastante espaço para capturar eficiências na frente de custos e vemos a redução de margens no curto prazo como um movimento natural de absorção de novos ativos no portfólio.
O câmbio alto também tem um papel fundamental na rentabilidade da companhia, de modo que grande parte dos insumos são importados e o repasse de preços ainda não acompanhou totalmente a alta de custos.
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