Poucos dias após o início de conversas com interessados em comprar a participação da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica Braskem (50,1 por cento do capital votante), a gestora de fundos Mubadala já aparece como uma das interessadas.
A venda da participação da Novonor na Braskem faz parte do requisito a ser cumprido em seu plano de recuperação judicial, sendo o dinheiro levantado na venda utilizado para o pagamento de parte das dívidas bilionárias da companhia.
O Mubadala recentemente arrematou a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) da Petrobras na Bahia por cerca de 1,65 bilhão de dólares (cerca de 9,24 bilhões de reais com o último fechamento do câmbio) e parece estar com apetite para ganhar espaço na cadeia de derivados de petróleo, incluindo o braço petroquímico em seus ativos.
A Petrobras também possui participação relevante na Braskem com 47 por cento do capital votante e 36,1 por cento do capital total e a participação já se encontra na lista de ativos a serem vendidos pela estatal desde o início do plano de redução de endividamento.
Com o último fechamento de mercado, a Braskem está avaliada em cerca de 38,6 bilhões de reais. As ações (BRKM5) fecharam em forte alta de 3 por cento na última sexta-feira (16), já refletindo a veiculação desta notícia.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para as três companhias. Para a Novonor, a venda permitiria cumprir com uma fatia grande de seu compromisso com credores. Para a Petrobras, seria uma importante entrada de caixa e um avanço em seu plano de venda de ativos e de redução do endividamento. E a Braskem finalmente poderia destravar o processo de migração para o Novo Mercado, dando um toque final à sua estrutura de Governança Corporativa que passou por importantes melhorias nos últimos anos.
O câmbio favorável para os estrangeiros ainda deve esquentar a disputa pelo controle da petroquímica, o que pode elevar o preço das ações da Braskem (BRKM5) no curto prazo. Tanto o Mubadala quanto a holandesa LyondellBasell têm poder de fogo para adquirir a totalidade da companhia, com o valor total da Braskem beirando os 7 bilhões de dólares, abaixo dos 10 bilhões de dólares negociados em 2019 com a holandesa.
Em 2019 a gigante holandesa LyondellBasell estava em conversas avançadas para a compra da totalidade da Braskem, porém cancelou após o incidente geológico em Alagoas. Em 2020 apareceu o problema com a operação no México, com impasse nos contratos de fornecimento de insumos importantes para a produção da Braskem Idesa.
Ambos os problemas da petroquímica já foram devidamente endereçados, o que pode inclusive fazer a empresa holandesa retornar à mesa de negociação, ainda mais em um momento favorável da indústria petroquímica, com franco crescimento de volumes e margens no mundo todo, com a Braskem sendo um dos principais players do setor na América Latina.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
Para ficar por dentro do universo dos investimentos de maneira prática, clique abaixo e inscreva-se gratuitamente!
—