Após anunciar sua renúncia do comando da Eletrobras (ELET3/ELET6) na sexta-feira (22), o CEO da companhia, Wilson Ferreira Júnior, deve assumir o comando da BR Distribuidora (BRDT3). Apesar da mudança ainda não ser algo oficial, segundo fontes, o executivo e a distribuidora já vinham negociando a mudança há seis meses.
Nesta segunda-feira (25) o ainda presidente da estatal elétrica citou motivos pessoais para justificar sua saída, porém reconheceu que o processo de privatização da companhia “não ganhou tração” após a pandemia atrapalhar o processo em 2020. Durante a semana o candidato a presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também colocou em dúvida a privatização da companhia no curto prazo. Apesar de o governo ter interesse na privatização, o recente apagão no Amapá gerou algum questionamento sobre a eficácia das empresas privadas no setor.
Para a BR Distribuidora (BRDT3), o movimento especulado parece atender boa parte dos requisitos do conselho da companhia. A distribuidora de combustíveis que pertencia a Petrobras (PETR3/PETR4) abriu seu capital em dezembro de 2019 e enxerga em Ferreira Júnior um executivo com experiência em empresas estatais capaz de conduzir uma segunda fase de reestruturação da companhia.
E Eu Com Isso?
Enxergamos a notícia como positiva para as ações da BR Distribuidora (BRDT3), uma vez que o executivo é considerado pelo mercado como um bom nome para o cargo.
A notícia é bem negativa para a Eletrobras, com forte impacto negativo no preço das ações (ELET3/ELET6) no curto prazo, pois o mercado foi pego de surpresa com a saída de Wilson Ferreira e com o cenário bastante incerto sobre a privatização da estatal.
Acreditamos que a queda deverá ser mais forte nas ações ordinárias (ELET3) devido à dificuldade em privatizar a estatal.
As ADRs da Eletrobras (recibo das ações na bolsa norte-americana) chegaram a cair mais de 10 por cento nesta segunda-feira (25), feriado em São Paulo, sem negociações na B3.
Na BR Distribuidora (BRDT3), Wilson Ferreira Júnior, ficaria incumbido de liderar a reestruturação da companhia líder no setor de distribuição de combustíveis no País. Entre os desafios está diminuir a dependência da companhia em relação a seu principal negócio e alavancar sua capilaridade para gerar mais receita através de negócios tidos até agora como secundários, como por exemplo suas lojas de conveniências, além do investimento em segmentos “do futuro”, como a geração de energia de maneira mais ampla, em vez dos investimentos em refinarias que têm feito as suas principais concorrentes, Ultrapar (UGPA3) e Cosan (CSAN3).
A Petrobras ainda detém 37,5 por cento da BR Distribuidora que, apesar de não possuir mais o comando estatal, ainda gera uma pressão baixista para as ações da BRDT3 no curto prazo, tanto pelo tamanho da participação (já incluso em seu plano de desinvestimento), quanto pela influência indireta no conselho da companhia.
A experiência de Wilson Ferreira como CEO deverá ter impacto positivo nas ações da BR Distribuidora, o que pode acelerar o processo de venda de participação da Petrobras com o mercado mais favorável.
Para as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6), os principais catalisadores de curto prazo são a definição de um próximo CEO para a companhia e uma mudança na postura do governo para a aceleração no processo de privatização da companhia.