Divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta segunda-feira (7), o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) traz tanto um número preocupante quanto uma boa notícia. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 24,28 por cento. Para comparar, a inflação acumulada em 12 meses em novembro de 2019 era de 5,38 por cento. No entanto, apenas no mês de novembro, o IGP-DI variou 2,64 por cento. É um percentual inferior aos 3,68 por cento de outubro.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) variou 3,31 por cento em novembro, ante 4,86 por cento em outubro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,94 por cento em novembro, após variar 0,65 por cento em outubro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 1,28 por cento em novembro, ante 1,73 por cento no mês anterior.
Não foi a única notícia sobre a inflação. Nesta manhã, como em todas as segundas-feiras, o Banco Central (BC) divulgou o Boletim Focus. A expectativa dos agentes econômicos para a inflação em 2020 subiu bastante, e alcançou 4,21 por cento, ante 3,54 por cento na semana passada e 3,20 por cento há quatro semanas.
Todos esses números poderiam indicar que a inflação está em um ritmo de aceleração, com os preços subindo bastante. No entanto, o comportamento do dólar, que é uma das variáveis menos previsíveis e mais relevantes para a economia brasileira, mostra que não é bem assim. Desde a eleição americana, em 3 de novembro, o dólar recuou para 5,17 reais, uma queda de 10,3 por cento em relação aos 5,762 reais do início do mês passado. O relatório Focus mostra que essa tendência de baixa no câmbio já está inserida nas expectativas. Na edição desta segunda-feira, a taxa de câmbio esperada para o fim deste ano é de 5,22 reais, ante 5,36 reais na edição anterior e 5,45 reais há quatro semanas.
Qual a conclusão disso? Que, apesar da alta consistente dos preços das últimas semanas, a desaceleração do câmbio e alguns indicadores menos pujantes da atividade econômica (leia mais abaixo) deverão manter a inflação sob controle.
Internacional
A forte alta das ações no mercado internacional foi interrompida neste domingo à noite, com a notícia de que o governo americano se prepara para impor sanções a autoridades chinesas. A causa é a pressão que a China vem exercendo sobre Hong Kong, com autoridades de Pequim perseguindo e desqualificando parlamentares oposicionistas da região semiautônoma. Essa notícia arrefeceu o impacto positivo do aumento de 14,9 por cento das exportações chinesas em novembro (dados em yuanes), que superaram bastante a projeção de alta de 5,7 por cento. A notícia deve aumentar a tensão no mercado, vem provocando baixas em diversos pregões no início da semana e deverá ter reflexos por aqui também.
Indicadores
A FGV divulgou também o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de novembro, que recuou 0,4 ponto, para 84,5 pontos. Foi o primeiro recuo do indicador após seis altas consecutivas. Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 3,2 pontos para 99,6 pontos, maior nível desde maio de 2020. O ICD é um indicador com sinal semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto maior o número, pior o resultado. Segundo a FGV, os resultados mostram que a recuperação perdeu força.
E Eu Com Isso?
O aumento da tensão no mercado internacional arrefeceu o entusiasmo dos investidores, que deverão aproveitar para embolsar parte dos lucros do início de dezembro. O cenário macro permanece positivo, mas deve haver uma realização de lucros no curto prazo.