A decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2020 veio sem surpresas. O Copom manteve a taxa referencial Selic em 2 por cento ao ano, como era consenso no mercado. No entanto, o Comunicado, divulgado imediatamente após a reunião, trouxe alguns pontos inesperados.
Começando pelos números. O Banco Central (BC) elevou sua expectativa de inflação para 2020, medida pelo IPCA, para 4,3 por cento, ante os 3,0 por cento da reunião anterior. A projeção para 2021 também subiu, passando para 3,4 por cento ante os 3,1 por cento anteriores. E a projeção para 2022 recuou levemente para 3,4 por cento, ante os 3,5 por cento anteriores. Esse cenário indica que a Selic, que encerrará 2020 nos atuais 2 por cento, pode subir para 4 por cento ao ano (ou um pouco mais) ao longo dos próximos dois anos.
No comunicado, o Copom indicou que há uma “recuperação desigual” entre os setores produtivos, com os mais diretamente afetados pelo distanciamento social mantendo um nível baixo de atividade apesar das políticas governamentais de estímulo. Com isso, a incerteza sobre a recuperação da economia permanece elevada, principalmente pela redução dos auxílios emergenciais a partir do início de 2021. No cenário internacional, os estímulos monetários deverão durar por bastante tempo, o que é bom para economias emergentes como o Brasil.
O cenário interno não está tão positivo. A piora da situação fiscal pode elevar os prêmios de risco e as expectativas de inflação. Mesmo assim, o Copom afirmou considerar “adequado” o atual nível elevado de estímulo monetário com a taxa Selic em 2,00 por cento ao ano. No entanto, o Copom sugeriu que pode retirar o “forward guidance”, indicação de longo prazo para os juros, que foi instituído duas reuniões atrás.
O Copom reiterou que as expectativas de inflação permanecem “abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, o que indica que os juros devem permanecer onde estão. No entanto a retirada do forward guidance e o aumento das projeções para o IPCA nos próximos anos indicam que os juros vão começar a subir, ainda que devagar, em 2021. A questão é quando isso vai começar, e como será a trajetória dessa alta.
Indicadores
Esta quinta-feira (10) trouxe vários indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas do comércio varejista cresceram 0,9 por cento em outubro. Foi o sexto mês consecutivo de crescimento, em um movimento que teve início em maio deste ano. Com isso, o patamar do varejo bateu recorde pela terceira vez seguida, ficando 8,0 por cento superior a fevereiro, antes da pandemia.
A safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve chegar a 256,8 milhões de toneladas em 2021, de acordo com o segundo prognóstico do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Se o resultado se confirmar, representará um crescimento de 1,9 por cento ante as estimativas de 252 milhões de toneladas de 2020 e será um novo recorde na série histórica iniciada em 1975.
IPOs
Duas grandes ofertas públicas iniciais (Initial Public Offering – IPO) vão movimentar os pregões nesta quinta-feira. No Brasil, a Rede D’Or (RDOR3) deve iniciar a negociação de suas ações. Com uma emissão de 11,5 bilhões de reais, a maior do ano e a segunda maior da história da B3 em termos nominais, o lançamento foi considerado bem-sucedido. Nos Estados Unidos, as ações da plataforma AirBnb também estão sendo lançadas com preços acima das expectativas.
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E Eu Com Isso?
Enquanto processam os detalhes do comunicado do Copom, os investidores deverão esperar por uma sinalização dos mercados internacionais. No início dos negócios, os contratos futuros do Ibovespa estão estáveis com uma leve tendência positiva devido aos dados favoráveis do varejo. Os contratos futuros do índice americano S&P 500 indicam uma leve queda.
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