Os números da B3, divulgados na quarta-feira (25), não deixam margem a dúvidas. Até o dia 23 de novembro, a entrada líquida de recursos internacionais no mercado acionário brasileiro foi de 26,7 bilhões de reais. Essa chegada maciça de dinheiro justificou a alta de 17,2 por cento no Ibovespa, que fechou acima de 110 mil ponto pela primeira vez desde 26 de fevereiro deste ano, antes que a pandemia provocasse uma avalanche de vendas nos mercados.
O que esperar de agora em diante? Uma velha piada do mercado é que Deus criou a taxa de câmbio para ensinar humildade aos economistas. O mesmo raciocínio vale para as ações. No entanto, é possível dizer que o cenário geral permanece estruturalmente positivo. Há abundância de recursos no mercado internacional, cresce a possibilidade de que a vacinação contra a Covid-19 comece nos próximos meses e a troca de governo nos Estados Unidos, prevista para 21 de janeiro, deverá gerar um ambiente mais benigno para a economia internacional. Esse é o cenário, e ele é benigno. No entanto, há variáveis conjunturais que podem trazer alguma incerteza. Entre elas, a tributação dos lucros dividendos, que está inserida na proposta de reforma tributária (LEIA MAIS ABAIXO).
PIB AMERICANO
Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto confirmou as expectativas dos investidores e cresceu a uma taxa anualizada não revisada de 33,1 por cento, o que mostra a continuidade da expansão da economia no terceiro trimestre. No trimestre anterior, a economia americana havia encolhido históricos 31,4 por cento, o pior desempenho trimestral desde o início dos registros em 1947. No entanto, o estímulo fiscal que sustentou o crescimento entre julho e setembro já acabou, e outro pacote de resgate é esperado apenas depois que o presidente eleito Joe Biden tomar posse em 20 de janeiro. Por isso, as estimativas de crescimento para o quarto trimestre estão abaixo de uma taxa anualizada de 5 por cento. Apesar do desenvolvimento encorajador de vacinas, o aumento das infecções por Covid-19 com o início do inverno no Hemisfério Norte levou a uma queda das projeções para o PIB neste ano. Ante um crescimento previsto de 3,5 por cento, o prognóstico atual é de 1,0 por cento.
INDICADORES 1
Os preços da indústria subiram 3,40 por cento em outubro frente a setembro. Foi a maior alta desde janeiro de 2014, início da série histórica do Índice de Preços ao Produtor (IPP) calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o IPP acumula alta de 17,29 por cento. Já nos últimos 12 meses, a inflação da indústria chegou a 19,08 por cento. O resultado reflete a elevação de preços dos alimentos e dos produtos das indústrias extrativas. Houve alta de preços em 23 das 24 atividades pesquisadas. Esse é o décimo quinto aumento consecutivo na comparação mês a mês do indicador, que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete.
INDICADORES 2
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou 2,3 pontos em novembro, passando de 95,8 pontos para 93,5 pontos, registrando a segunda queda consecutiva. Em médias móveis trimestrais, o indicador caiu 1,2 ponto, interrompendo um período de quatro altas seguidas. Segundo a FGV, a piora no mês foi influenciada pela percepção de redução do ritmo de vendas. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 5,4 pontos, para 99,7 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-COM) subiu 0,9 ponto para 87,5 pontos.
Impactos na prática
O dia está bastante esvaziado pelo feriado americano do Dia de Ação de Graças, que interrompe boa parte dos negócios em Wall Street. Os contratos futuros de Ibovespa iniciaram a sessão em leve baixa, em um movimento de realização dos lucros dos últimos dias. Espera-se uma sessão de volatilidade devido à liquidez reduzida.