A bandeira de cartões Visa (VISA34) anunciou na quinta-feira (30) que estava desenvolvendo um sistema para facilitar as transações entre criptoativos.
O objetivo do projeto é criar um protocolo universal que permita conectar blockchains, criptomoedas (incluindo stablecoins) e também as futuras moedas digitais emitidas pelos bancos centrais.
O nome da iniciativa será Universal Payment Channel, ou UPC, que visa (sem trocadilho) conectar várias redes de blockchain e transacionar ativos digitais.
Ao anunciar o projeto, a Visa informou que suas equipes estão trabalhando no assunto desde 2018, buscando montar uma estrutura que permita a interoperabilidade entre diferentes protocolos e carteiras.
“Em última instância, a solução UPC vai servir como uma rede de redes blockchain – agregando valor a várias formas de movimentação de dinheiro, sejam elas originadas na rede Visa ou além dela”, diz o comunicado da empresa.
A Visa não estabeleceu prazos, mas ao comentar o assunto, os executivos responsáveis afirmaram que isso deve ocorrer “em um futuro não muito distante”.
A decisão da Visa e suas consequências em potencial são mais importantes do que parecem à primeira vista.
Vamos dar um passo para trás.
A Visa nasceu nos anos 1970 para impedir que os bancos americanos quebrassem. O mercado de cartões de crédito estava em um momento de ebulição. Praticamente todos os bancos americanos – que, naquela época, só poderiam operar em seus Estados de origem – estavam disputando clientes. As fraudes e perdas levaram a prejuízos imensos.
Durante um encontro de executivos de bancos em 1968, que quase acabou em pancadaria, um executivo chamado Dee Hock se propôs a resolver o problema. A solução apresentada por ele após algum tempo de estudos foi o que se chamaria, posteriormente, uma organização “caórdica”, conceito que mistura caos e ordem.
Por um lado, haveria o caos: os bancos tentando aumentar suas bases de clientes competindo uns com os outros. Por outro, temos ordem: protocolos, regras e convenções que permitem que os sistemas convivam e funcionem harmoniosamente em conjunto. Esse é o princípio das bandeiras de cartão de crédito.
Cada emissor de cartão tem suas próprias políticas de crédito e de risco, mas para se vincular a uma bandeira ele aceita alguns parâmetros operacionais, de modo que seus cartões “conversem” com a rede de pagamentos.
Trace um paralelo com o momento das criptomoedas. Temos algumas moedas “populares”, como Bitcoin, Ethereum e Dogecoin. Temos as “stablecoins” como Tether e USD Coin. E estamos em vias de ter as moedas digitais dos bancos centrais, incluindo o Banco Central do Brasil.
Em breve a lista de criptoativos chegará à casa de dezenas de milhares, isso sem contar os NFT (Non Fungible Tokens) e outras inovações que ainda devem surgir.
É impossível querer controlar um mercado tão grande e tão dinâmico. O governo da China pode até tentar, mas a China não é conhecida pelas liberdades individuais. E a briga promete ser grande.
Por isso, quando uma instituição do porte da Visa anuncia que vai permitir que todos esses sistemas “conversem”, isso pode ser um divisor de águas para o mercado de criptomoedas.
O impacto potencial é imenso, pois essa ferramenta pode – teoricamente – ser a ligação entre os criptoativos e a economia tradicional. E o time de análise de criptomoedas da Levante Ideias de Investimentos, comandado pela Fernanda Guardian, vai ficar atento a todos os desdobramentos.
E Eu Com Isso?
Para além das criptomoedas, os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 iniciam o primeiro pregão do quarto trimestre com uma leve alta, com perspectivas positivas para as ações.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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